Na Audi, a ordem é desacelerar os lançamentos de veículos elétricos, diz CEO

Novo presidente da marca de carros de luxo, Gernot Döllner, conta em entrevista à Bloomberg News por que a empresa decidiu rever o plano de lançamentos de elétricos

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Bloomberg — A Audi decidiu desacelerar um ambicioso plano de lançamento de modelos elétricos para evitar sobrecarregar fábricas e concessionárias diante do crescimento mais lento nas vendas de veículos elétricos.

“Primeiro, analisamos qual ordem e densidade de lançamentos a organização poderia lidar”, disse o novo CEO, Gernot Döllner, em uma entrevista na sede da Audi em Ingolstadt, na Alemanha. “No final, decidimos espaçar mais os lançamentos para não sobrecarregar a equipe e as concessionárias.”

Uma fonte de lucro importante para o grupo Volkswagen, a Audi planeja lançar 20 modelos até 2026, metade deles totalmente elétricos.

A tarefa é urgente porque o portfólio da Audi tem ficado obsoleto enquanto os rivais Mercedes-Benz e BMW se preparam para lançar suas próximas gerações de veículos elétricos a partir da metade da década.

A fabricante de carros de luxo avalia que terá alguns meses morosos, culminando em junho, período no qual o CEO da VW, Oliver Blume, destacou que a Audi deve ficar aquém de seu potencial.

No mesmo mês, ele substituiu o CEO da Audi por Döllner, que trabalhou com Blume na Porsche, com a tarefa de aumentar o retorno operacional a longo prazo para 13%, em comparação com cerca de 9%.

O Audi Q6 e-tron, modelo que já foi adiado diversas vezes devido a problemas na unidade de software interna da VW, iniciará a ofensiva de modelos quando sair das linhas de produção no segundo trimestre. O carro será o primeiro a sair de uma nova plataforma que sustentará vários novos veículos.

Outro modelo elétrico e dois carros a combustão completam os novos lançamentos para o próximo ano, e um terceiro modelo a combustão está planejado para 2025.

Os problemas da Audi derivam em parte das barreiras antigas para a venda de veículos elétricos, à medida que a indústria avança para uma fase de adoção mais ampla: as montadoras tradicionais ainda têm dificuldades para ampliar uma linha de produtos competitiva que ofereça retornos aceitáveis, e os consumidores são desencorajados por preços elevados e infraestrutura irregular.

Mudanças regulatórias que preveem a eliminação gradual de carros a combustão e a entrada de concorrentes da China aumentam a complexidade. Montadoras como Audi e BMW continuam a depender da potência dos motores a combustão para seus resultados financeiros, deixando o campo para a Tesla (TSLA) e, cada vez mais, para a BYD.

“A vantagem dos veículos elétricos está se tornando visível para os consumidores passo a passo”, disse Döllner, de 54 anos. “Com essa tríade - nossos novos veículos elétricos, uma nova geração de híbridos plug-in e modelos a motor de combustão interna - estamos posicionados de maneira robusta e flexível para a fase de transição.”

Colocar a Audi de volta nos trilhos é crucial para a Volkswagen, onde as marcas premium, como a fabricante do SUV Q7 e a Porsche, geram a maior parte dos lucros.

O grupo de marcas premium — incluindo também Lamborghini e Bentley — foi a maior fonte de lucro da VW, com ganhos de € 7,6 bilhões (US$ 8,3 bilhões), sendo a Audi a maior contribuidora.

Esta semana, os principais executivos da VW estão se reunindo em Berlim para atualizações sobre planos para extrair mais lucro da marca VW com desempenho abaixo do esperado e ações para interromper a queda na China, o mercado mais importante da empresa.

A Audi ficou para trás em relação aos concorrentes na transição de uma linha de produtos fortemente inclinada para motores a diesel, com uma série de obstáculos no caminho.

Os problemas, que vão desde uma disputa com revendedores na China, o pesado fardo do escândalo de emissões de diesel e, mais recentemente, problemas na construção de software, limitaram o crescimento da marca.

Blume, responsável pela VW por mais de um ano desde a saída de Herbert Diess, lidera várias iniciativas para recuperar o ímpeto, especialmente na China, onde os produtos da VW não acompanharam o gosto do consumidor por telas grandes e conectividade.

Para combater a queda de EVs na China, a Audi e seu parceiro chinês de longa data, a SAIC Motor, concordaram em julho em colaborar no desenvolvimento de veículos elétricos, marcando um ponto de virada para a indústria automobilística chinesa, que até agora tem sido liderada pelo aprendizado com fabricantes estrangeiros. As empresas trabalharão nas bases dos veículos para acelerar a eletrificação da Audi e proteger a participação de mercado.

“No momento, desempenhamos um papel relevante especialmente no segmento de motores a combustão”, disse Döllner. “Nossa tarefa, com ambos os parceiros, é tornar a marca Audi um jogador relevante no segmento de veículos elétricos.”

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