Bloomberg Línea — No resultado trimestral da Ambev divulgado na última quinta-feira (1), um dado recebeu menos atenção de investidores e analistas de mercado, mas foi celebrado por executivos e funcionários: jamais a empresa vendeu tanto volume como nos seis primeiros meses do ano. Mais exatamente, 61,59 milhões de hectolitros (ou 61,59 bilhões de litros) de cervejas, principalmente, mas também de bebidas não-alcoólicas.
O recorde representou um crescimento orgânico de 4,2% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período de 2023, ou 2,5 milhões de hectolitros a mais comercializados.
Segundo a Ambev, os números são um reflexo da estratégia comercial da companhia ao longo dos últimos anos e também ganharam impulso do portfólio premium do grupo. Neste ano até junho, as marcas dessa categoria de cervejas, como Spaten, Corona e Original, cresceram 12,4% em volume na base anual, segundo dados divulgados à Bloomberg Línea.
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“Em cerveja, os investimentos contínuos [...] traduziram-se em indicadores recordes para nossas marcas que são foco e deram continuidade à premiumização [do portfólio]”, destacou a Ambev (ABEV3) no comunicado do resultado do segundo trimestre.
Não é um fenômeno exatamente novo, mas a Ambev dos dias atuais é cada vez mais uma empresa que tem o crescimento e as margens alavancadas por bebidas de maior valor agregado.
“Nossas marcas premium, super premium e core plus cresceram dois dígitos em volume, enquanto o segmento core permaneceu resiliente, com crescimento de um dígito baixo, e o segmento value caiu, representando agora menos de 2% de nossos volumes totais”, completou o maior grupo de cervejas do país.
No segmento core plus, a Budweiser teve crescimento de quase 20% em volume no segundo trimestre na base anual, enquanto em core, Brahma e Antarctica asseguraram alta de um dígito baixo.
Estratégia e desempenho semelhantes foram registrados na categoria de bebidas não alcoólicas, denominada NAB: as marcas health & wellness e energéticos lideraram mais uma vez o desempenho dos volumes e já representam quase 25% desse subtotal, historicamente dominada por refrigerantes e sucos.
O volume recorde veio acompanhado de preços mais elevados, o que resultou em receitas acima do projetado por analistas no segmento - em métrica que, neste caso, ganhou destaque em relatórios.
“Em cervejas Brasil, os resultados do segundo trimestre superaram nossas expectativas, com um aumento de 200 pontos-base na receita líquida por hectolitro. O Ebitda foi 8,5% superior à nossa previsão e o principal motor da surpresa positiva em relação às estimativas de consenso”, escreveram os analistas Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto, da equipe de equity research do Itaú BBA.
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As perspectivas, por outro lado, não estão desprovidas de riscos, segundo os analistas.
“A Ambev continua a enfrentar um cenário competitivo em todos as frentes, com um desempenho sólido da Heineken no nicho premium. [Por outro lado] as marcas premium, super premium e core plus da Ambev apresentaram um crescimento de volume de dois dígitos no trimestre, o que sugere um desempenho superior ao da indústria”, apontaram no relatório do Itaú BBA.
O volume recorde de bebidas foi atribuído pela Ambev também ao desempenho de iniciativas digitais.
O BEES Marketplace, plataforma que conecta a empresa a bares e restaurantes, alcançou crescimento de 32% no GMV (volume bruto de mercadorias transacionadas) no segundo trimestre na base anual.
O Zé Delivery, por sua vez, continuou a expandir a área de cobertura e encerrou o período de abril a junho com mais de 16 milhões de pedidos, com expansão de 13% na comparação anual.
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