Bloomberg Línea — O laboratório norte-americano Eli Lilly antecipou a chegada do Mounjaro ao Brasil de junho para primeira quinzena de maio e divulgou os preços de uma caixa com quatro canetas para tratamento mensal de diabetes tipo 2 que serão praticados no varejo farmacêutico.
São duas tabelas de valores máximos: uma para pacientes cadastrados em um programa de descontos com farmácias parceiras em todo o Brasil, denominado “Lilly Melhor para Você” e disponível nos seus sites; e outra para compras fora desse programa.
Os menores valores serão praticados no e-commerce para membros do programa da farmacêutica.
Confira os valores divulgados pela companhia:
- Compra pelo e-commerce para membros do programa: R$ 1.406,75 (2,5 mg) e R$ 1.759,64 (5 mg)
- Compra pelas lojas físicas para membros do programa: R$ 1.506,75 (2,5 mg) e R$ 1.859,65 (5 mg)
- Compra fora do programa: R$ 1.907, 29 (2,5 mg) e R$ 2.384,34 (5 mg)
Esses valores para o Mounjaro comercializado fora do programa incluem a alíquota de 18% do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) adotada em São Paulo.
No restante do país, as alíquotas podem variar de 12% a 23% para medicamentos, segundo a última lista da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Nesses casos, o valor do Mounjaro se ajusta proporcionalmente ao tamanho do imposto estadual cobrado.
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A chegada do medicamento, cujo princípio ativo é a tirzepatida - diferente da semaglutida do Ozempic, da concorrente dinamarquesa Novo Nordisk -, terá no Brasil apenas duas das seis dosagens disponíveis (2,5 mg e 5 mg) no mercado, como antecipou a Bloomberg Línea no dia 11 de abril, com base em informações do mercado.
As redes de farmácias negociavam com o laboratório um valor em torno de R$ 1.700 para o Mounjaro no Brasil.
Os valores divulgados hoje pelo laboratório, que incluem o impacto do imposto estadual, mostram que os preços finais ficaram, em média, próximos daquela faixa indicada durante as negociações.
A principal referência é a dosagem de 5 mg que o paciente passa a tomar depois de quatro semanas com a dosagem inicial de 2,5 mg.
O laboratório não divulgou ainda um potencial cronograma de chegada das dosagens maiores (7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg e 15 mg) ao país.
Inicialmente, a Eli Lilly do Brasil confirmava a data de chegada do Mounjaro para o dia 7 de junho, como chegou a citar o diretor médico sênior do laboratório, Luiz André Magno, à Bloomberg Línea no início do mês.
Na ocasião, ele já descartava que o laboratório adotaria a faixa máxima de preços autorizada pelo governo federal para o medicamento (R$ 3.811,26).
A lista da CMED, em vigor desde 31 de março, traz dois tipos de preços máximos: o PF (preço fábrica), que é o praticado entre as fábricas e distribuidores e farmácias, e o PMC (preço máximo ao consumidor), entre farmácias e o consumidor final.
Nos estados de 18% de ICMS, como São Paulo, o PF da caixa de quatro canetas do Mounjaro de 5 mg é de R$ 2.841,19, enquanto o PMC é de R$ 3.811,26.
O Mounjaro a ser comercializado no Brasil não virá dos EUA, como inicialmente se especulava. O laboratório informou que o produto será importado da Europa, sem especificar o país de fabricação.
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A antecipação da data de início das vendas no Brasil ocorreu após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ter publicado uma portaria que passou a exigir a apresentação de prescrição médica para a venda de produtos como Mounjaro e Ozempic. A medida entra em vigor em 60 dias, ou seja, em junho.
A decisão da Anvisa, aprovada no dia 16, define um controle mais rigoroso na prescrição e na dispensação dos medicamentos agonistas GLP-1, também conhecidos como “canetas emagrecedoras”. A categoria inclui os medicamentos semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.
Com a decisão, a prescrição médica deverá ser feita em duas vias, e a venda só poderá ocorrer com a retenção da receita na farmácia ou drogaria, assim como acontece com os antibióticos, segundo o governo federal. A validade das receitas será de até 90 dias a partir da data de emissão.
A exemplo de outros países, há no Brasil o uso desses medicamentos por pacientes sem diabetes tipo 2, apenas para fins estéticos de emagrecimento.
A Lilly ainda aguarda a aprovação da Anvisa para incluir na bula a indicação do Mounjaro para a perda de peso.
A obesidade e o sobrepeso são condições frequentes de pacientes com diabetes tipo 2, segundo os dois laboratórios (Lilly e Novo Nordisk), que conseguiram incluir na bula essa indicação, com o argumento de que o paciente com diabetes, ao perder peso, tem mais chance de controlar o nível de açúcar (glicemia) no sangue.
Logística contra assaltos
No Brasil, redes de farmácias passaram a se tornar alvos de assaltos que visam o estoque de medicamentos como Ozempic devido ao elevado valor desses produtos e à existência de um comércio paralelo e ilegal, que inclui contrabando.
Segundo executivos da Lilly, os centros de distribuição tanto da indústria como do varejo adotam práticas internacionais de segurança, para inibir a ação de criminosos nesses locais e proteger seus estoques.
O setor tem mantido conversas com a Polícia Federal sobre o problema.
Em diversos aeroportos do país, como os dos estados de Ceará, Maranhão e Pernambuco, passageiros já foram detidos com dezenas de canetas do chamado “Ozempic dos ricos” escondidos no corpo.
“Para a produção do Mounjaro, que é uma operação complexa, não temos planos de investir em uma planta no Brasil no curto e médio prazo”, afirmou Felipe Borges dos Reis, diretor sênior de Acesso e Assuntos Corporativos da Eli Lilly do Brasil, a jornalistas.
Ele disse que a companhia investe mais de R$ 250 milhões em pesquisas clínicas no país, onde há 43 estudos em desenvolvimento.
Para 2025, o laboratório programa cinco lançamentos no Brasil em quatro áreas terapêuticas. Nesta semana, a Lilly teve a aprovação para um novo tratamento para a Doença de Alzheimer.
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