Mounjaro chegará às farmácias em maio no Brasil com preços abaixo do estimado

Eli Lilly inicia distribuição para o varejo na primeira quinzena de maio, em vez de 7 de junho; pacientes cadastrados em programa vão pagar a partir de R$ 1.406,75 por caixa com quatro canetas em dosagem inicial de 2,5 mg

Eli Lilly & Co. Mounjaro brand tirzepatide medication. Photographer: George Frey/Bloomberg
25 de Abril, 2025 | 12:00 PM

Bloomberg Línea — O laboratório norte-americano Eli Lilly antecipou a chegada do Mounjaro ao Brasil de junho para primeira quinzena de maio e divulgou os preços de uma caixa com quatro canetas para tratamento mensal de diabetes tipo 2 que serão praticados no varejo farmacêutico.

São duas tabelas de valores máximos: uma para pacientes cadastrados em um programa de descontos com farmácias parceiras em todo o Brasil, denominado “Lilly Melhor para Você” e disponível nos seus sites; e outra para compras fora desse programa.

PUBLICIDADE

Os menores valores serão praticados no e-commerce para membros do programa da farmacêutica.

Confira os valores divulgados pela companhia:

  • Compra pelo e-commerce para membros do programa: R$ 1.406,75 (2,5 mg) e R$ 1.759,64 (5 mg)
  • Compra pelas lojas físicas para membros do programa: R$ 1.506,75 (2,5 mg) e R$ 1.859,65 (5 mg)
  • Compra fora do programa: R$ 1.907, 29 (2,5 mg) e R$ 2.384,34 (5 mg)

Esses valores para o Mounjaro comercializado fora do programa incluem a alíquota de 18% do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) adotada em São Paulo.

PUBLICIDADE

No restante do país, as alíquotas podem variar de 12% a 23% para medicamentos, segundo a última lista da CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Nesses casos, o valor do Mounjaro se ajusta proporcionalmente ao tamanho do imposto estadual cobrado.

Leia mais: Mounjaro 2.0? Eli Lilly reporta testes positivos de pílula para diabetes e perda de peso

A chegada do medicamento, cujo princípio ativo é a tirzepatida - diferente da semaglutida do Ozempic, da concorrente dinamarquesa Novo Nordisk -, terá no Brasil apenas duas das seis dosagens disponíveis (2,5 mg e 5 mg) no mercado, como antecipou a Bloomberg Línea no dia 11 de abril, com base em informações do mercado.

PUBLICIDADE

As redes de farmácias negociavam com o laboratório um valor em torno de R$ 1.700 para o Mounjaro no Brasil.

Os valores divulgados hoje pelo laboratório, que incluem o impacto do imposto estadual, mostram que os preços finais ficaram, em média, próximos daquela faixa indicada durante as negociações.

A principal referência é a dosagem de 5 mg que o paciente passa a tomar depois de quatro semanas com a dosagem inicial de 2,5 mg.

PUBLICIDADE

O laboratório não divulgou ainda um potencial cronograma de chegada das dosagens maiores (7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg e 15 mg) ao país.

Inicialmente, a Eli Lilly do Brasil confirmava a data de chegada do Mounjaro para o dia 7 de junho, como chegou a citar o diretor médico sênior do laboratório, Luiz André Magno, à Bloomberg Línea no início do mês.

Na ocasião, ele já descartava que o laboratório adotaria a faixa máxima de preços autorizada pelo governo federal para o medicamento (R$ 3.811,26).

A lista da CMED, em vigor desde 31 de março, traz dois tipos de preços máximos: o PF (preço fábrica), que é o praticado entre as fábricas e distribuidores e farmácias, e o PMC (preço máximo ao consumidor), entre farmácias e o consumidor final.

Nos estados de 18% de ICMS, como São Paulo, o PF da caixa de quatro canetas do Mounjaro de 5 mg é de R$ 2.841,19, enquanto o PMC é de R$ 3.811,26.

O Mounjaro a ser comercializado no Brasil não virá dos EUA, como inicialmente se especulava. O laboratório informou que o produto será importado da Europa, sem especificar o país de fabricação.

Leia mais: Efeito Ozempic: bulas são atualizadas para tratamento além de obesidade e diabetes

A antecipação da data de início das vendas no Brasil ocorreu após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ter publicado uma portaria que passou a exigir a apresentação de prescrição médica para a venda de produtos como Mounjaro e Ozempic. A medida entra em vigor em 60 dias, ou seja, em junho.

A decisão da Anvisa, aprovada no dia 16, define um controle mais rigoroso na prescrição e na dispensação dos medicamentos agonistas GLP-1, também conhecidos como “canetas emagrecedoras”. A categoria inclui os medicamentos semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.

Com a decisão, a prescrição médica deverá ser feita em duas vias, e a venda só poderá ocorrer com a retenção da receita na farmácia ou drogaria, assim como acontece com os antibióticos, segundo o governo federal. A validade das receitas será de até 90 dias a partir da data de emissão.

A exemplo de outros países, há no Brasil o uso desses medicamentos por pacientes sem diabetes tipo 2, apenas para fins estéticos de emagrecimento.

A Lilly ainda aguarda a aprovação da Anvisa para incluir na bula a indicação do Mounjaro para a perda de peso.

A obesidade e o sobrepeso são condições frequentes de pacientes com diabetes tipo 2, segundo os dois laboratórios (Lilly e Novo Nordisk), que conseguiram incluir na bula essa indicação, com o argumento de que o paciente com diabetes, ao perder peso, tem mais chance de controlar o nível de açúcar (glicemia) no sangue.

Logística contra assaltos

No Brasil, redes de farmácias passaram a se tornar alvos de assaltos que visam o estoque de medicamentos como Ozempic devido ao elevado valor desses produtos e à existência de um comércio paralelo e ilegal, que inclui contrabando.

Segundo executivos da Lilly, os centros de distribuição tanto da indústria como do varejo adotam práticas internacionais de segurança, para inibir a ação de criminosos nesses locais e proteger seus estoques.

O setor tem mantido conversas com a Polícia Federal sobre o problema.

Em diversos aeroportos do país, como os dos estados de Ceará, Maranhão e Pernambuco, passageiros já foram detidos com dezenas de canetas do chamado “Ozempic dos ricos” escondidos no corpo.

“Para a produção do Mounjaro, que é uma operação complexa, não temos planos de investir em uma planta no Brasil no curto e médio prazo”, afirmou Felipe Borges dos Reis, diretor sênior de Acesso e Assuntos Corporativos da Eli Lilly do Brasil, a jornalistas.

Ele disse que a companhia investe mais de R$ 250 milhões em pesquisas clínicas no país, onde há 43 estudos em desenvolvimento.

Para 2025, o laboratório programa cinco lançamentos no Brasil em quatro áreas terapêuticas. Nesta semana, a Lilly teve a aprovação para um novo tratamento para a Doença de Alzheimer.

Leia também

Efeito Ozempic: bulas são atualizadas para tratamento além de obesidade e diabetes

Eli Lilly promete fabricar pílula para perda de peso nos EUA após pressão de Trump

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.