Morre Washington Olivetto, um dos maiores nomes da publicidade brasileira

Empresário faleceu devido a falência múltipla de órgãos; ele criou campanhas como o ‘Primeiro Sutiã', para a Valisere, e ‘Hitler’, para a Folha de S.Paulo, além do movimento Democracia Corintiana

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Bloomberg Línea — O publicitário Washington Olivetto morreu na tarde deste domingo (13) aos 73 anos.

Conhecido como um dos maiores publicitários da história do país - para muitos da área, o maior de todos - e do mundo, Olivetto estava internado havia cinco meses. O empresário faleceu devido a falência múltipla de órgãos, em decorrência de complicações pulmonares, no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro.

Olivetto estava afastado da publicidade desde 2019, quando se desvinculou da agência WMcCann e se mudou para Londres, na Inglaterra, onde vivia com a família.

Filho de um vendedor que o estimulou a seguir para a carreira de publicidade, Olivetto se tornou um ícone ao longo de décadas de profissão.

O status veio com trabalhos como o “Homem de mais de 40 anos”, em 1975, com o qual conquistou o primeiro Leão de Ouro para o Brasil no festival de Cannes, ao lado de Francesc Petit, o “P”, da emblemática agência DPZ. Seria o primeiro de mais de 50 prêmios no festival icônico para a publicidade.

E ainda campanhas históricas como o “Primeiro Sutiã”, para a marca Valisere, e “Hitler”, para a Folha de S.Paulo. As duas ações são as únicas brasileiras que entraram na lista mundial dos 100 maiores comerciais de todos os tempos.

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Na memória da publicidade também está eternizada a criação do garoto Bombril, com o ator Carlos Moreno. O personagem é até hoje o mais longevo na história de uma marca e está registrado no Guinness Book.

Por trás do sucesso, uma fórmula que só ele encontrou de se conectar com a cultura popular brasileira, com leveza e humor.

Para além da atuação como publicitário, Olivetto ficou conhecido pelo seu amor pelo Corinthians. Na década de 1980, ele ocupou a cadeira de vice-presidente do clube paulista e foi um dos responsáveis pela criação da Democracia Corintiana, movimento que pedia pelas Diretas Já e lutou pelo fim do regime militar no país.

Essa paixão também ficou registrada em livros como “Corinthians, É Preto no Branco”, com o jornalista Nirlando Beirão, e “Corinthians x Os Outros”.

Outras obras deixadas por Olivetto são: “Os piores textos de Washington Olivetto”, “O Primeiro a Gente Nunca Esquece”, “O que a vida me ensinou” e “Só os Patetas jantam mal na Disney”.

O publicitário começou a sua trajetória ainda jovem, aos 19 anos. Em pouco tempo, estava na DPZ, outro ícone da publicidade brasileira. Em 1986, deixou a agência para fundar a WGGK, mais tarde rebatizada de W/Brasil.

A agência já era conhecida e premiada no meio publicitário quando ganhou fama nacional com a música de mesmo nome de Jorge Ben Jor, lançada em 1991 e até hoje uma das mais populares do país - “Alô, alô, W Brasil, Alô, alô, W Brasil”.

Em maio de 2010, a W/Brasil entrou para o grupo à McCann, o que deu origem à WMcCann. Olivetto permaneceu no negócio até 2017, quando decidiu buscar outros ares. Mesmo assim, ainda atuou como consultor criativo na unidade europeia da McCann até 2019.

Em post no Instagram (veja abaixo), a WMcCann afirmou que “Perdemos o maior nome da publicidade de todos os tempos. Uma perda irreparável e impossível de descrever”.