Bloomberg Línea — O empresário Abilio Diniz, um dos mais bem-sucedidos do país e um dos pioneiros do varejo brasileiro, morreu neste domingo (18) em São Paulo aos 87 anos, segundo uma nota da família.
Diniz, que se notabilizou principalmente à frente do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), um dos maiores grupos varejistas do país, fundado inicialmente pelo seu pai, Valentim, foi vítima de uma insuficiência respiratória em decorrência de uma pneumonite, segundo a mesma nota.
Diniz era um dos principais acionistas do Carrefour global e membro do conselho de administração do grupo francês, posições que montou depois de sair do Pão de Açúcar no início da última década.
“É com extremo pesar que a família Diniz informa o falecimento de Abilio Diniz aos 87 anos neste domingo, 18 de fevereiro de 2024, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos, e irá ao encontro do seu filho João Paulo, falecido em 2022. Desde já, a família agradece a todas as mensagens de apoio e carinho”, foi a nota da família.
Em nota, o Carrefour Brasil chamou Diniz de “o mais respeitado e admirado empresário do varejo brasileiro” e que ele deixa um legado “inestimável”.
“Ao longo de quase uma década, Abilio empenhou sua visão e habilidade únicas no desenvolvimento e amadurecimento de nossa empresa, e o legado que ele nos deixa é inestimável”, destacou a filial do grupo francês.
Segundo a nota, Diniz foi mais que um empreendedor de sucesso. “Foi um exemplo de dedicação e amor à família, à educação, aos esportes, à saúde, à espiritualidade e ao Brasil. Um exemplo de ser humano, que deixa para sempre seu nome e sua marca na história do nosso país”, acrescentou.
Abilio estava em férias em Aspen, tradicional destino de montanhas nos Estados Unidos, quando passou mal e voltou ao Brasil, segundo informações do Valor Econômico. Estava internado no Albert Einstein desde janeiro.
Muitos anos antes do Carrefour, Abilio - como era conhecido e chamado - transformou o Pão de Açúcar na maior rede de supermercados do país e um dos maiores grupos de varejo, principalmente a partir da década de 1990. Abriu o capital na bolsa brasileira em meados dos anos 1990.
Acabou deixando o grupo em 2013 depois de perder o controle para o varejista francês Casino, ao qual havia atraído como sócio minoritário em meados da década de 2000 em troca de injeção de capital. O acordo acertado à época previa a transferência do controle para o grupo francês, algo que Abilio tentou reverter, sem sucesso, entre 2011 e 2012, em uma das mais célebres disputas societárias do país.
Diniz se notabilizou nas últimas duas décadas em particular também pelo cuidado com a saúde e a longevidade, como um adepto de atividades físicas e de hábitos de qualidade de vida que lhe permitiam manter as atividades profissionais independentemente da idade.
No fim de 2023, Diniz expressou um tom de otimismo moderado com as perspectivas econômicas do Brasil, citando as expectativas de queda da inflação e de cortes na taxa de juros, mas alertando para o risco de “falta de ambição” de mirar um crescimento do PIB acima das projeções do mercado.
“O Brasil está em um bom momento: a inflação e o desemprego estão caindo, e a taxa de juros ameaça fazer o mesmo. Vamos crescer em um ritmo de 2,5%, 3% nos próximos anos. Mas está faltando ambição de buscar um crescimento maior. Por que nos contentar com 2,5%? Em 2010, o PIB cresceu 7%”, avaliou Diniz em um evento do Itaú BBA, em novembro, em que discutiu a conjuntura com outros dois bilionários - Rubens Ometto (Cosan) e Eugênio Mattar (Localiza). Foi uma de suas últimas aparições públicas.
Entre os 500 mais influentes
Diniz integrava a lista dos 500 nomes mais influentes da América Latina, elaborada por Bloomberg Línea anualmente.
Em 2022, ele estreou o programa “Caminhos com Abilio Diniz” no canal CNN Brasil, que teve a terceira temporada exibida no ano passado.
Na atração, ele conduzia conversas com empresários como Fabrício Bloisi (iFood), Blairo Maggi (Amaggi), Alexandre Birman (Arezzo & Co), Fernando Queiroz (Minerva Foods) e David Feffer (Suzano).
Morte do filho e sequestro
Pai de seis filhos, o empresário enfrentou em 2022 o luto após a morte de João Paulo Diniz, vítima de infarto, no dia 31 de julho.
“Em minhas conversas diárias com Deus, sempre me certifico de como o João está. E ele está bem. Sei que vamos nos encontrar no futuro, mas tenho pedido para que ele não tenha pressa. Aos 86 anos, ainda tenho muito para viver até reencontrar meu filho e dar um abraço apertado com muito amor e saudade, como nessa foto”, escreveu em uma postagem no Instagram um ano após a perda do filho, ex-piloto da Fórmula 1.
Outro momento dramático da trajetória do empresário foi o sequestro sofrido em dezembro de 1989, quando passou seis dias em cativeiro e admitiu ter temido que morreria naquela ocasião.
- Em atualização.
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