Moderna, promessa da indústria de vacinas, agora corta US$ 1,1 bi e reduz pesquisas

Empresa de biotecnologia que ficou conhecida na pandemia por sua vacina para covid com tecnologia do RNA mensageiro, sofre efeitos de queda na demanda e adia previsão de breakeven

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Bloomberg — A Moderna disse que pretende reduzir seu orçamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em cerca de 20% nos próximos três anos, à medida que a empresa de biotecnologia tenta encontrar um caminho para a lucratividade depois de vendas decepcionantes de vacinas.

A empresa vai descontinuar cinco programas em seu pipeline de desenvolvimento e desacelerar alguns estudos em estágio final de tratamentos para doenças latentes e raras para atingir o corte de US$ 1,1 bilhão de seu orçamento anual de P&D até 2027, de acordo com um comunicado nesta quinta-feira (12).

A empresa é conhecida por gastar em P&D geralmente mais do que seus pares como percentual das vendas.

Os gastos nos últimos anos foram impulsionados pela crença de que sua tecnologia de mRNA (RNA mensageiro) poderia tratar e prevenir com eficácia uma série de doenças, de gripe a câncer.

Mas o declínio acentuado de seu negócio de vacinas contra a covid tem forçado a empresa a controlar algumas de suas ambições.

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O plano anunciado pode apaziguar investidores que desejam que a empresa evite mais perdas. Em uma nota recente, um analista da Jefferies, Michael Yee, disse que a Moderna precisava cortar até US$ 1 bilhão em despesas “para recuperar a confiança dos investidores ou a credibilidade da lucratividade”.

As ações caíram 7% nas negociações antes do mercado à vista em Nova York na quinta-feira. Até o fechamento de quarta-feira, as ações da Moderna recuaram cerca de 20% neste ano.

A empresa tem reduzido seu ritmo de estudo de novos tratamentos, em parte devido aos recentes desafios comerciais. Na quinta, também adiou de 2026 para 2028 sua meta de atingir o breakeven.

No mês passado, a empresa reduziu as expectativas - o guidance - de vendas para o ano, depois de observar uma baixa receita com a vacina contra a Covid na Europa e o aumento da concorrência nos EUA, o que levou a um lançamento decepcionante de sua nova vacina contra o RSV (vírus sincicial respiratório).

A empresa com sede em Cambridge, no estado do Massachusetts, vende dois produtos - uma vacina contra a Covid e outra contra o RSV. Ela projetou vendas entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3,5 bilhões no próximo ano. A empresa disse que as vendas deste ano ficarão entre US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões, abaixo de sua perspectiva anterior de cerca de US$ 4 bilhões.

‘Disciplina financeira’

“Ainda estamos lidando com um mercado de incertezas”, disse o diretor financeiro da Moderna, Jamey Mock, em uma entrevista. “Esperamos que isso se resolva neste ano, mas temos que nos preparar para o caso de as taxas de vacinação continuarem a cair.”

Mock disse que os cortes em P&D são um sinal de que a empresa "está exercendo disciplina financeira".

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A Moderna precisou reduzir seu orçamento de P&D em parte porque seus testes clínicos foram bem-sucedidos e os estudos em estágios posteriores exigem mais financiamento, disse ele. A Moderna espera que dez produtos sejam aprovados nos próximos três anos.

"Reconhecemos a necessidade de nos apressarmos, porque agora há uma enorme quantidade de medicamentos importantes a serem aprovados", disse o presidente da Moderna, Stephen Hoge, em uma entrevista.

Mais P&D em oncologia

Uma de suas maiores esperanças é seu programa de câncer. No fim do ano passado, a Moderna e uma parceira, a Merck & Co., disseram que sua vacina contra melanoma ajudou a prevenir a recorrência de câncer de pele grave por três anos.

Os executivos da Moderna esperavam solicitar uma aprovação mais rápida com base nos dados desse estudo de estágio intermediário. A Moderna disse que o feedback inicial dos órgãos reguladores dos EUA "não foi favorável" a isso, e a empresa e a Merck estão concentradas em seu estudo de estágio final.

A empresa disse que planeja aumentar seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento em oncologia.

Ela também não busca mais uma aprovação acelerada para sua vacina autônoma contra a gripe. Em vez disso, ela se concentrará em solicitar a aprovação neste ano para sua vacina que combina proteção contra gripe e covid.

"Achamos que ela tem a chance de ser um produto maior e ter um impacto maior", disse Mock.

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