Minoritários da Eletrobras aumentam pressão sobre nomes indicados para o conselho

Minoritários buscam ampliar a participação no conselho e têm resistido às indicados feitas pela companhia

Empresa diz que os indicados propostos foram selecionados em linha com os “objetivos estratégicos de longo prazo”. (Foto: Jonne Roriz/Bloomberg)
Por Rachel Gamarski - Mariana Durão
11 de Abril, 2025 | 05:52 PM

Bloomberg — A Eletrobras enfrenta novas turbulências depois que acionistas minoritários se mostraram contrários às indicações para o conselho apresentadas pela liderança da companhia.

A empresa sediada no Rio de Janeiro publicou uma carta na quinta-feira (10) à noite, pedindo o apoio dos acionistas aos candidatos indicados pela atual administração, liderada pelo CEO Ivan Monteiro.

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A Eletrobras (ELET6) disse que os indicados propostos foram selecionados em linha com os “objetivos estratégicos de longo prazo”, enfatizando a necessidade de uma “renovação controlada do conselho” para trazer maior expertise em operações e estratégia de energia.

A briga no conselho da Eletrobras pode remodelar a direção de uma das maiores empresas do país, uma vez que acionistas minoritários desafiam o controle da administração enquanto a empresa passa por grandes reformas e uma importante venda de ativos.

A empresa também busca a aprovação dos acionistas para um acordo com o governo brasileiro que descreveu como um “marco histórico”, abrindo caminho para a venda de sua participação na Eletronuclear.

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Entre os indicados, a Eletrobras escolheu o ex-presidente do conselho da Eneva Carlos Márcio Ferreira, com apoio da SPX, Opportunity, Oceana Investimentos e Navi Capital. Também sugere a recondução de Pedro Batista de Lima Filho, com apoio da Atmos Capital, Vinci Equities, Milestones, Radar e SPX. A assembleia geral ordinária está marcada para 29 de abril.

Com participação suficiente para indicar um membro do conselho, Juca Abdalla, dono do Banco Clássico, reconduziu seu próprio nome.

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Enquanto isso, outros quatro fundos — Geração L. Par Fundo de Investimentos, RPS Administradora de Recursos, Clave Gestora de Recursos e Tempo Capital — apoiam Marcelo Gasparino e Rachel Maia.

Gasparino, que anteriormente atuou nos conselhos de administração da Petrobras e tem uma posição no conselho da Vale, se posicionou como um defensor ativo dos acionistas minoritários.

No LinkedIn, Gasparino fez uma apelo direto por apoio, pedindo um “voto de confiança”. Ao contrário dos indicados pela empresa, ele e seus aliados apoiam uma política de dividendos mais agressiva.

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“Vamos defender um pagamento de pelo menos o dobro do dividendo pago em 2024”, disse Gasparino em entrevista, acrescentando que a Eletrobras gera um volume significativo de caixa anualmente e não tem grandes projetos em andamento.

Em um relatório de 7 de abril visto pela Bloomberg, o consultor de procuração Institutional Shareholder Services (ISS) recomendou que os investidores votassem em Abdalla e Gasparino, argumentando que a eleição deles “aumentaria a representação dos acionistas no conselho”.

A ISS também apoiou Maia em uma votação separada para acionistas preferenciais, citando seu potencial para trazer “maior independência, diversidade de gênero e experiência atuando em conselhos de empresas de capital aberto”.

Enquanto isso, a Eletrobras se prepara para mudanças regulatórias. No início desta semana, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo pretende propor reforma do setor ao Congresso no primeiro semestre do ano.

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