Bloomberg — A Meteoric Resources têm tido dificuldades para encontrar financiamento no Brasil para seu projeto de terras raras de US$ 420 milhões no país, levando a mineradora australiana a expandir sua busca por investidores fora do mercado local.
A escassez de financiamento no Brasil tem levado a Meteoric e outras pequenas empresas de mineração que operam no país a considerar acordos de vendas vinculados à produção futura como garantia para empréstimos internacionais.
O setor diz que a dificuldade prejudica as ambições do Brasil de desempenhar um papel mais importante no desenvolvimento da indústria de terras raras - um grupo de 17 minerais que desempenham um papel fundamental na defesa e em outros setores de alta tecnologia - à medida que as nações ocidentais buscam diversificar as cadeias de suprimentos, afastando-as do domínio da China.
“Se não conseguirmos obter financiamento no Brasil, teremos que financiar no exterior e a garantia será o offtake, enviando a produção para outros países”, disse o diretor executivo da Meteoric, Marcelo Carvalho, em uma entrevista a Bloomberg News à margem de uma conferência no Rio de Janeiro.
“Queremos desenvolver a cadeia produtiva no Brasil, mas trabalho para que o projeto seja rentável para os acionistas.”
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As críticas de Carvalho ecoam as de outras mineradoras presentes em um evento organizado pelo BNDES. A Meteoric e outras empresas, incluindo a Viridis Mining and Minerals e o Grupo Serra Verde, são candidatas a R$ 5 bilhões em financiamentos para projetos de minerais estratégicos oferecidos pelo BNDES e pela agência governamental de fomento, a Finep.
Obter financiamento é um desafio porque o Brasil não aceita direitos de mineração ou produção futura como garantia, e o banco de desenvolvimento do país tem regras rígidas sobre o uso de tais garantias para financiamento privado, de acordo com Rinaldo Mancin, diretor executivo da associação brasileira de mineração Ibram. Isso significa que a única opção é obter uma carta de garantia de um banco.
A Meteoric tem uma carta de apoio não vinculante de US$ 250 milhões do Export-Import Bank dos Estados Unidos e está em negociações com o US International Development Finance Corp. para apoiar seu projeto Caldeira, em Minas Gerais.
A mineradora começará a entregar 11.000 toneladas de óxido de terras raras do projeto a partir de 2027, disse Carvalho.
A empresa planeja produzir um carbonato misto de terras raras refinado e, no futuro, avançar na separação dos óxidos no Brasil. A primeira licença para o projeto é esperada para os próximos dois meses, disse ele.
O Brasil tem a segunda maior reserva mundial dos 17 elementos de terras raras, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA. A corrida por minerais está no centro das atenções à medida que o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona por um acordo de recursos naturais com a Ucrânia e demonstra interesse nas riquezas metálicas da Groenlândia.
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