Bloomberg — A aquisição de US$ 69 bilhões da Activision Blizzard (ATVI) pela Microsoft (MSFT) ganhou uma nova chance de aprovação por parte dos reguladores do Reino Unido, depois que a gigante de tecnologia apresentou um novo acordo ao órgão de controle antitruste do país.
Em um movimento raro, a Competition and Markets Authority (CMA) abriu uma nova investigação do acordo depois que a Microsoft afirmou que venderia os direitos de todos os jogos atuais e futuros da Activision lançados nos próximos 15 anos para a Ubisoft Entertainment. A alienação não inclui a Área Econômica Europeia, informou a CMA.
Em Paris, as ações da Ubisoft subiram até 7,1% nesta terça-feira (22) com a notícia, a maior alta intradiária desde fevereiro. Os papéis da Microsoft tiveram pouca variação nas negociações pré-mercado dos Estados Unidos, enquanto os da Activision subiram 1,1%.
A reconsideração de uma decisão de fusão pela CMA nesta fase é incrivelmente rara e segue uma série de reviravoltas dramáticas nas batalhas regulatórias globais do acordo.
A negociação, até recentemente considerada como encerrada, ganhou ímpeto inesperado depois que o Reino Unido concordou em revisar novas evidências.
Nos Estados Unidos, a Microsoft venceu o desafio judicial da Federal Trade Commission (FTC) sobre o acordo. A União Europeia aprovou o deal com medidas corretivas em maio.
“Tínhamos uma preocupação real anteriormente de que a Microsoft seria capaz de controlar o desenvolvimento desse mercado,” disse Sarah Cardell, diretora executiva da CMA, em uma entrevista à radio da Bloomberg.
“O que vemos com este novo acordo, e teremos que testá-lo cuidadosamente por meio de nossa revisão, é que, em vez de a Microsoft ser capaz de controlar como esses direitos de streaming em nuvem são usados, esse controle se deslocará para uma empresa independente.”
Enquanto navegava por obstáculos regulatórios, a Microsoft perdeu o prazo de 18 de julho no acordo original — assinado em janeiro de 2022 — para concluir a aquisição. A Activision concordou em estender o prazo até 18 de outubro para dar à Microsoft mais tempo para resolver os obstáculos restantes.
Em julho, a Microsoft pediu ao regulador do Reino Unido que reconsiderasse o veto de abril com base na alegação de que a situação havia “mudado materialmente”, devido à decisão do tribunal dos EUA e a um acordo subsequente que alcançou para licenciar o título de sucesso da Activision, “Call of Duty”, para o concorrente Sony.
“Sob a transação reestruturada, a Microsoft não estará em posição de lançar jogos da Activision Blizzard exclusivamente em seu próprio serviço de streaming em nuvem - Xbox Cloud Gaming - ou controlar exclusivamente os termos de licenciamento dos jogos da Activision Blizzard para serviços concorrentes”, disse a Microsoft em comunicado.
A Ubisoft afirmou em seu próprio comunicado que os direitos, que “existirão em perpetuidade”, serão adicionados ao serviço de assinatura Ubisoft+.
A CMA declarou que prefere soluções estruturais para abordar preocupações sobre fusões que prejudicam a concorrência. Para satisfazer essa preferência, a Microsoft e a Activision têm buscado uma alienação de ativos que conquiste os reguladores sem prejudicar o que a Microsoft considera as partes-chave da aquisição.
Por exemplo, a gigante do software publicamente descartou vender a franquia “Call of Duty”. A investigação agora será iniciada e a CMA estabeleceu um prazo estatutário até 18 de outubro.
-- Com a colaboração de Stephen Carroll.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também:
Arm protocola pedido para IPO do ano e sinaliza impacto para chips na era da IA
Além de Nvidia e Microsoft: gestora aponta impacto amplo da revolução da IA
©2023 Bloomberg L.P.