Bloomberg — A Meta Platforms (META) disse que gastará bilhões de dólares a mais do que anteriormente previsto este ano, enquanto continua a investir em inteligência artificial, levantando questões sobre se as apostas tecnológicas futurísticas da empresa eventualmente irão trazer retorno para os investidores. As ações despencaram nas negociações estendidas.
A controladora do Facebook está investindo cada vez mais recursos em inteligência artificial, o que requer despesas significativas em poder de computação, enquanto está em uma corrida com rivais como a Alphabet (GOOGL) e a Microsoft (MSFT) pela supremacia nessa tecnologia.
A empresa sediada em Menlo Park, na Califórnia, aumentou suas estimativas de custos para o ano e agora acredita que o capex (gastos de capital) será de US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões.
Anteriormente, a empresa estimava despesas relacionadas a servidores, hardware de IA e data centers de US$ 30 bilhões a US$ 37 bilhões.
“Esperamos que os gastos de capital continuem aumentando no próximo ano, à medida que investimos agressivamente para apoiar nossos ambiciosos esforços de pesquisa e desenvolvimento de produtos de IA”, disse a diretora financeira Susan Li em comunicado, referindo-se a 2025.
Ao mesmo tempo, a empresa de redes sociais também projetou vendas no segundo trimestre de US$ 36,5 bilhões a US$ 39 bilhões. A faixa média dessa previsão ficou abaixo da estimativa média dos analistas.
Leia também: Elon Musk alerta investidores que objetivo da Tesla é a direção autônoma
As métricas ofuscaram o que, de outra forma, foi um primeiro trimestre sólido, com receita de US$ 36,5 bilhões, um aumento de mais de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior. E o lucro que mais que dobrou para US$ 12,4 bilhões.
As ações caíram até 19% nas negociações após o expediente regular. As ações haviam subido 39% este ano até o fechamento do mercado e têm negociado perto das máximas históricas nas últimas semanas, em parte refletindo o entusiasmo em torno da IA.
A Meta foi uma das ações com melhor desempenho entre as big techs.
“Apesar de todos os planos audaciosos de IA da Meta, ela não pode se dar ao luxo de tirar o foco do negócio central – suas atividades core de publicidade”, escreveu Sophie Lund-Yates, analista da Hargreaves Lansdown, em um relatório na quarta-feira. “Isso não significa ignorar a IA, mas significa que os gastos precisam ser direcionados e alinhados com uma visão estratégica clara.”
No trimestre anterior, a Meta anunciou recompra de ações de US$ 50 bilhões, além do primeiro dividendo trimestral da empresa, um esforço para acalmar investidores frustrados com os gastos agressivos da empresa em tecnologias que ainda não se pagaram totalmente.
O CEO Mark Zuckerberg passou anos investindo dinheiro em esforços para construir o chamado metaverso, um mundo virtual onde ele espera que as pessoas um dia joguem e trabalhem.
O Reality Labs, a divisão da Meta focada em suas apostas futurísticas, relatou uma perda de US$ 3,85 bilhões para o primeiro trimestre, quase o mesmo que no ano anterior.
Essa divisão, que também supervisiona os óculos de realidade virtual e os óculos inteligentes Ray-Ban da Meta, relatou uma perda anual de mais de US$ 16 bilhões em 2023.
Mas nos últimos meses, Zuckerberg tornou a IA uma prioridade, reorientando a Meta para a tecnologia após a OpenAI lançar seu chatbot ChatGPT em 2022, desencadeando uma frenesi de competição e desenvolvimento entre as grandes empresas de tecnologia.
A Meta começou a inserir IA em todos os aspectos do negócio, do Instagram e Facebook aos seus óculos inteligentes.
A empresa anunciou planos para um novo data center de US$ 800 milhões em janeiro, e também está desenvolvendo seus próprios chips para serviços de inteligência artificial.
A Meta também trabalha em várias novas aplicações de seu modelo de linguagem, conhecido como Llama, para alimentar chatbots e outros serviços de IA.
Em uma teleconferência com investidores, Zuckerberg disse que a Meta investirá “significativamente” em projetos relacionados à IA.
Ele disse que esses investimentos aumentarão “consideravelmente” antes que a Meta veja qualquer receita significativa de muitos desses novos empreendimentos.
“Investidores inteligentes” verão que as possibilidades de longo prazo desse trabalho superarão os custos de curto prazo, disse Zuckerberg.
A empresa reiterou seus planos de gastos mais amplos para 2024, dizendo que desembolsará US$ 96 bilhões a US$ 99 bilhões para o ano calendário, ligeiramente acima de uma meta mínima de US$ 94 bilhões a US$ 99 bilhões.
Anteriormente, ela disse que grande parte disso seria destinada a custos de infraestrutura, além de apostas de longo prazo em realidade aumentada e virtual.
O balaço misto da Meta vem no mesmo dia em que o presidente Joe Biden assinou um projeto de lei que forçaria a ByteDance, empresa controladora do TikTok, a vender o popular serviço de vídeo ou enfrentar uma proibição nos EUA.
A eliminação potencial de um grande concorrente poderia impulsionar o negócio de publicidade da Meta, já que sua oferta de vídeo curto Reels é um clone do TikTok.
Os Reels agora representam cerca de 50% do tempo que as pessoas passam no Instagram, disse Li em uma ligação com analistas.
Quando questionada especificamente sobre a legislação do TikTok, Li disse que era muito cedo para a empresa entender o impacto potencial.
A Meta teve alguns anos turbulentos, com um aumento de usuários e atividade na plataforma durante o período de lockdown da covid-19, seguido por uma subsequente retração na publicidade em 2022.
A Meta também elevou as contratações quando os tempos eram bons, o que depois levou a cerca de 10.000 demissões em 2023, um período que Zuckerberg chamou de “ano da eficiência”.
Essas medidas dolorosas pavimentaram o caminho para o aumento significativo do lucro que a empresa vê agora. A receita do primeiro trimestre foi a mais alta de todos os tempos nesse período. Mais pessoas também retornaram aos produtos da Meta.
Zuckerberg disse que o aplicativo Threads, semelhante ao antigo Twitter e lançado em julho passado, agora tem mais de 150 milhões de usuários ativos mensais — incluindo Taylor Swift.
Veja mais em Bloomberg.com