Bloomberg — O Apple TV+ percorreu um longo caminho em um período de tempo relativamente curto. O serviço de streaming ganhou o Oscar de melhor filme por CODA. Ele também teve grande sucesso com a comédia Ted Lasso e documentários premiados como Beastie Boys Story.
Mas a Apple não tem algo que seus rivais de streaming abraçaram com entusiasmo: conteúdo internacional atraente.
É aí que entra Lionel Messi. Desde que ingressou no Inter Miami no mês passado, muito foi escrito sobre como ele pode aumentar o alcance da Major League Soccer (MLS) tanto em casa quanto no exterior. O que seria uma boa notícia tanto para a liga quanto para a Apple.
A fabricante do iPhone assinou um contrato de US$ 250 milhões por ano em 2022 para garantir os direitos globais de transmissão da MLS. A natureza do contrato difere daquelas que, por exemplo, a Amazon tem com a NFL (National Football League), a Premier League e outras. A Apple tem tudo: direitos de transmissão de todos os jogos, em qualquer lugar.
A Apple está tão interessada em ver o sucesso da MLS que desempenhou um grande papel ao trazer Messi para Miami. Como parte de seu pacote de remuneração, o argentino receberá uma parte da receita que a Apple obtém com assinaturas fora dos EUA de seu pacote MLS, que custa US$ 99 por ano e é separado da assinatura típica do Apple TV+.
É um detalhe significativo porque parece sugerir exatamente o que a Apple quer com o acordo, ou seja, mais assinantes internacionais. Ao contrário de seus pares, quase não possui conteúdo desenvolvido em mercados não anglófonos. Sim, seus programas são dublados. Mas isso é muito diferente, digamos, da Netflix, para quem programas e filmes produzidos localmente são um pilar fundamental de sua estratégia de crescimento global.
A Netflix tem milhares de horas de dramas coreanos, comédias francesas, thrillers alemães, novelas latino-americanas etc. E isso ajudou a atrair novos assinantes internacionalmente em um momento em que o crescimento em seu mercado doméstico estagnou.
A Apple não tem seu próprio equivalente a The Squid Game, o drama coreano de alto conceito que se tornou um sucesso monstruoso para a Netflix.
Em países como a França, a Apple licencia seus programas para a emissora local Canal+, o que pode indicar que está tendo problemas para atrair assinantes naquele país.
Messi pode ajudar. Ele foi uma sensação na França nos últimos dois anos, quando jogou pelo maior clube do país. Ele tem muitos seguidores em todo o mundo, com cerca de 481 milhões de seguidores no Instagram.
Jorge Mas, o bilionário que controla o Inter Miami, disse à Bloomberg no mês passado que Messi poderia trazer 2 milhões de novos assinantes para o serviço MLS da Apple. Isso pode não parecer significativo para uma empresa que tem bilhões de pessoas usando seus dispositivos, mas há algumas implicações mais amplas.
De uma só vez, os US$ 200 milhões resultantes em receita anual significariam que o CEO da Apple, Tim Cook, recuperaria a maior parte dos US$ 250 milhões que está pagando pelos direitos. E toda vez que um usuário abrir o aplicativo Apple TV+ para assistir a um jogo, ele será exposto a todos os outros programas e filmes lá.
As estimativas sugerem que a TV+ tem apenas dezenas de milhões de assinantes. Portanto, adicionar dois milhões representaria um aumento significativo de usuários pelo custo equivalente a dois filmes de grande sucesso por ano.
A Apple vê o negócio de streaming como parte de seu braço de serviço, junto com ofertas como App Store, iCloud e Arcade. Os ganhos de receita representaram um dos poucos resultados positivos em um terceiro trimestre fiscal sombrio, marcado pela queda nas vendas de iPhones, Macs e iPads.
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