Mercedes prevê retorno e lucro menores e cita efeito de demanda na China

Momento desafiador da indústria automotiva afeta também a maior montadora de carros de luxo do mundo, com impacto sobre as vendas de sedãs S-Class e Maybach e elétricos

Modelo Electric G Glass da Mercedes-Benz: interesse menor de consumidores por elétricos (Foto: Qilai Shen/Bloomberg)
Por William Wilkes
20 de Setembro, 2024 | 10:16 AM

Bloomberg — As ações da Mercedes-Benz tiveram a maior queda em quatro anos, depois que uma desaceleração cada vez maior na China levou a maior fabricante de carros de luxo do mundo a reduzir suas perspectivas - o guidance - de lucros.

As ações caíram até 8,4% na Bolsa de Frankfurt, a maior queda intradiária desde 2020. O aviso revisado sobre os lucros da Mercedes pesou em todo o setor, com a ação da BMW em queda de 4,4%.

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O aprofundamento da crise na China prejudicou particularmente as vendas dos modelos mais caros da Mercedes, como os sedãs S-Class e Maybach.

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A fabricante alemã reduziu as expectativas para sua principal unidade de automóveis e agora vê retornos ajustados entre 7,5% e 8,5%, em comparação com uma previsão anterior de até 11%. Os lucros antes de juros e impostos ficarão “significativamente abaixo” do nível do ano anterior.

O CEO do Mercedes-Benz Group, Ola Källenius: missão de enfrentar uma demanda mais enfraquecida (Foto: Alex Kraus/Bloomberg)

A Mercedes planeja uma ofensiva de vendas na China com novos produtos, disse o CEO, Ola Källenius, nesta sexta-feira em uma teleconferência com analistas.

A advertência sobre o lucro é um revés para o avanço da Mercedes no mercado e mais um sinal de alerta para a indústria na Alemanha, que luta com uma transição desafiadora para carros elétricos e sofre “ventos contrários” da economia da China.

A Volkswagen descartou neste mês um pacto trabalhista de décadas e pode fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em sua história devido à demanda em baixa.

Na semana passada, a BMW cortou o guidance de lucros para o ano inteiro, também prejudicada pela desaceleração da China e pela lentidão das vendas de veículos elétricos.

Margens da Mercedes recuam com a fraqueza da demanda no mercado da China

Os cortes prejudicam a estratégia da Mercedes de vender mais de seus veículos mais luxuosos para aumentar a lucratividade. O ambiente macroeconômico da China se deteriorou ainda mais, impulsionado pela persistente desaceleração do setor imobiliário, disse a empresa.

“A China está se transformando em um pesadelo”, escreveram os analistas da Oddo BHF em uma nota, com risco de problemas ainda mais profundos à medida que os consumidores do país mudam para veículos elétricos e se afastam dos modelos S-Class de alta margem.

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Os veículos elétricos mais recentes da empresa tiveram uma resposta considerada “morna” dos consumidores na economia poderosa da Ásia e em outros lugares.

Os motoristas mais jovens na China estão se voltando cada vez mais para as marcas locais, que são consideradas mais avançadas em termos de tecnologia digital e de entretenimento no carro.

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Enquanto os negócios na China estão em queda, as vendas na Europa também estão sob pressão.

As entregas da Mercedes em toda a região caíram 13% em agosto e estão 3% abaixo nos primeiros oito meses deste ano na comparação anual.

A queda nas vendas de veículos elétricos prejudica os esforços das montadoras para atender às regras de emissões da União Europeia, que serão mais rígidas no próximo ano, expondo o setor a multas de bilhões de euros.

O ministro da Economia, Robert Habeck, vai realizar uma reunião de cúpula do setor em Berlim na segunda-feira (24) para discutir maneiras de sair da atual crise.

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