Mercedes e Stellantis suspendem construção de fábrica de baterias para elétricos

Unidade em Kaiserslautern, que deve custar € 2 bilhões, será repensada diante de desaceleração da demanda por veículos elétricos e de alternativas de células de menor custo

Modelos elétricos da Mercedes-Benz em showroom em Berlim, na Alemanha: planos adiados de nova planta para baterias
Por Wilfried Eckl Dorna
04 de Junho, 2024 | 11:23 AM

Bloomberg — A Stellantis e a Mercedes-Benz interromperam a construção de uma fábrica de baterias na Alemanha para rever o negócio, diante da desaceleração das vendas de veículos elétricos e os altos custos.

A Automotive Cells Company (ACC), que desenvolve três fábricas de baterias na Europa a um custo total de 7 bilhões de euros (US$ 7,6 bilhões de dólares), reavalia sua estratégia em Kaiserslautern, com uma das opções de fabricação de células de lítio-ferro-fosfato (LFT) de baixo custo, disse o CEO Yann Vincent.

A demanda por veículos elétricos desacelerou na Europa, com crescimento esperado apenas no segmento de mercado de massa, disse Vincent à margem de um evento da BloombergNEF em Munique.

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A fábrica, que deverá custar pouco mais de 2 bilhões de euros, com um plano inicial para produzir células de íons de lítio, também terá a sua data de início de operação adiada em cerca de dois anos.

A revisão da tecnologia de baterias e a economia de custos na antiga fábrica da Opel se somam a uma linha crescente de projetos de veículos elétricos que estão sendo reformulados à medida que esse mercado enfrenta dificuldades. Vários países da Europa eliminaram ou reduziram os incentivos de compra, o que reduziu drasticamente as vendas de veículos.

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No mês passado, a Volkswagen disse que poderia adiar a velocidade com que suas próximas fábricas de baterias na Europa devem atingir a capacidade total, à medida que as vendas de veículos elétricos diminuíssem. Os fabricantes também passaram a apostar na venda de mais híbridos plug-in e esperam manter os carros com motor a combustão em produção até a próxima década.

A tecnologia de baterias vem mudando, com as células LFP ganhando terreno em relação aos produtos químicos de íons de lítio mais caros que, até agora, proporcionavam melhor autonomia para os veículois. Tanto a Stellantis quanto a Mercedes estão solicitando soluções de baixo custo para as baterias que alimentarão os veículos elétricos de nível básico planejados, disse Vincent.

A Automotive Cells Company decidirá até o fim deste ano ou início de 2025 como proceder com a fábrica no estado de Saarland, na Alemanha. Daí levará até dois anos e meio para fabricar as primeiras células, disse. Os planos para a fábrica estão atualmente em modo de espera, mas não completamente abandonados, acrescentou.

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A fábrica de Kaiserslautern recebeu 437 milhões de euros em subsídios do governo federal da Alemanha e do estado de Saarland, e a ACC solicitou financiamento adicional. A capacidade inicial de 13,4 gigawatts-hora aumentará para 40 GWh, o suficiente para abastecer cerca de 600 mil carros.

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A empresa trabalha em três fábricas de baterias na Europa. Ela inaugurou sua primeira grande unidade há um ano em Douvrin, na França. Além de Kaiserslautern, a empresa também conduz a construção de uma terceira unidade em Termoli, na Itália.

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