Mercado Livre negocia licença bancária no México: ‘a oportunidade é fenomenal’

Osvaldo Gimenez, presidente do Mercado Pago, disse à Bloomberg News que o processo recém-iniciado deverá levar de 12 a 24 meses

Uma licença bancária abriria a porta para receber depósitos de folha de pagamento e eliminaria um limite para os valores retidos
Por Carolina Millan
21 de Maio, 2024 | 12:00 PM

Bloomberg — A gigante latino-americana de e-commerce e serviços financeiros Mercado Livre (MELI) iniciou conversas com as autoridades do México para pedir uma licença bancária que permitirá expandir a gama de produtos que oferece no país.

A empresa tem mantido conversas com o banco central, reguladores e o Ministério das Finanças, disse Osvaldo Gimenez, presidente do Mercado Pago, braço financeiro da empresa. O processo formal começará nos próximos meses.

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“A oportunidade é fenomenal. Vemos no México o que aconteceu no Brasil na última década, onde houve um enorme aumento no acesso a serviços bancários, pagamentos eletrônicos e crédito”, disse Gimenez em entrevista à Bloomberg News. “Queremos ser protagonistas nisso e isso nos permitirá lançar mais produtos.”

O processo deverá levar de 12 a 24 meses, acrescentou. A empresa ponderou comprar uma licença bancária, mas acabou decidindo não fazê-lo.

Segundo ele, a empresa tem mantido conversas com o banco central, reguladores e o Ministério das Finanças do México

O México emergiu como um importante campo de batalha para as startups de serviços financeiros, uma vez que menos de 50% da população tem uma conta bancária. Um número crescente de fintechs busca licenças bancárias para conseguir oferecer um menu completo de opções no país.

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A Ualá, da Argentina, adquiriu uma licença no México ao comprar a ABC Capital, a gigante fintech britânica Revolut recebeu uma licença em abril, enquanto o Nubank solicitou formalmente uma. Outras quatro empresas locais estão no processo, segundo o jornal El Financiero.

O Mercado Livre opera no México sob uma licença para fintechs conhecida como IFPE, que permite fornecer uma série de serviços, incluindo o aplicativo de carteira da empresa. Uma licença bancária abriria a porta para receber depósitos de folha de pagamento e eliminaria um limite para os valores retidos. O processo de aprovação e emissão de cartões de crédito também seria mais rápido.

"A licença bancária facilitará muitas coisas, desde a forma como oferecemos crédito aos usuários até como podemos oferecer produtos de investimento", disse Gimenez. "Com a escala que já temos e a ambição que temos de ser o maior banco digital da América Latina, essa mudança está indo na direção certa."

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Um ano depois de lançar cartões de crédito no México, o Mercado Pago emitiu 1 milhão de cartões no país. Também concedeu mais de 1 milhão de empréstimos a pequenas empresas e ofereceu 12 milhões de linhas de crédito aos usuários. A maior demanda está no crédito, disse Gimenez.

A empresa não possui licença bancária nos outros países onde opera e não pretende fazê-lo porque pode fornecer os serviços desejados dentro das estruturas atuais, acrescentou o executivo.

O Mercado Livre planeja criar 8.200 novos empregos no México ao longo do ano, bem como investir US$ 2,5 bilhões em suas operações no país. Na região, a empresa possui acordos com o Goldman Sachs (GS), o Citigroup (C) e o JPMorgan (JPM) para cerca de metade da originação de crédito.

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“Estamos muito entusiasmados com o que estamos vendo no México”, disse ele. “Temos visto um grande crescimento em nossos produtos, no mercado, nas opções de pagamento e no crédito. Por isso estamos fazendo esse investimento, mudando recentemente nosso escritório para um espaço maior e estamos contratando.”

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