Marcelo Claure é nomeado vice-presidente executivo global da Shein

Ex-COO do SoftBank atuará diretamente com o fundador e CEO global da varejista chinesa, Sky Xu, além de acumular o cargo de chairman para a América Latina

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Bloomberg Línea — A plataforma chinesa de e-commerce Shein nomeou o empresário boliviano Marcelo Claure como vice-presidente executivo Global da empresa. Claure, que já era um investidor da marca e chairman (presidente do conselho) para a América Latina, agora vai conduzir as iniciativas estratégicas de crescimento em todos os mercados onde a Shein está presente no mundo (mais de 150 países).

Claure passa a acumular os dois cargos e atuará diretamente com o fundador e CEO global da empresa, Sky Xu (também conhecido como Chris Xu), e com o presidente executivo global, Donald Tang.

O executivo, que é ex-COO do SoftBank Group International, entrou na Shein em janeiro deste ano como presidente executivo do conselho para a América Latina. Desde então, ele lançou o marketplace da Shein no Brasil e conduziu conversas com o governo para alívio da tributação de produtos importados, que, ao fim, deu origem ao programa Remessa Conforme para compras internacionais.

Com sede em Singapura, a Shein fechou acordos com 200 fábricas em 12 estados do Brasil, em consonância com os planos da empresa de expandir sua cadeia de suprimentos local. Com atuação no Brasil desde 2020, a empresa planeja que, até o final de 2026, 85% das vendas no Brasil sejam de produtos provenientes de empresas locais.

Sob gestão de Claure, a Shein divulgou que pretende investir, inicialmente, R$ 750 milhões para passar a produzir suas peças no Brasil, fornecendo tecnologia e treinamento aos fabricantes para que possam “atualizar seus modelos de produção tradicionais para o que funciona sob demanda da Shein”, dentro do segmento conhecido como fast fashion.

Fundada em 2012 pelo empresário chinês Chris Xu, a Shein diz que tem 45 milhões de clientes no Brasil. Além das funções executivas na Shein, Marcelo Claure segue com suas atividades como CEO do Claure Group, seu family office multibilionário que investe em empresas de setores de alto crescimento, incluindo tecnologia, telecom, mídia, imóveis, transição energética e esportes. Ele também é presidente executivo e managing partner do Bicycle Capital, novo fundo de capital de crescimento da América Latina.

Os planos da Shein foram anunciados no momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu a cobrança de impostos mais elevados sobre produtos importados do exterior, como os vendidos pela Shein. Essa discussão deu origem ao programa conhecido como Remessa Conforme.

Remessa Conforme

Segundo a nova regra, mercadorias com valor inferior a US$ 50 (aproximadamente de R$ 245), comercializadas entre empresas e pessoas físicas, ficam isentas do imposto federal de importação, desde que as varejistas recolham o ICMS, agora com alíquota padrão nacional de 17%. Para as compras que excedem esse valor, além do acréscimo do ICMS, mantém-se a tributação de 60% sobre o valor do produto. A isenção da taxa para envios entre pessoas físicas segue em vigor.

Além da Shein, a AliExpress, o Mercado Livre e a Shopee aderiram ao Remessa Conforme. “As compras realizadas dos mais de 3 milhões de vendedores brasileiros, que correspondem a mais de 85% do total de pedidos na plataforma, não serão impactadas”, disse a Shopee em comunicado.

As importações de produtos de pequeno valor somaram o total de US$ 1,012 bilhão em agosto de 2023, primeiro mês em que novas regras de tributação para esses produtos entraram em vigor, o que representou crescimento de 32,9% em relação ao mês anterior, quando atingiu US$ 761 milhões.

Mas em comparação ao mesmo mês de 2022, houve recuo de 13,6%. As informações foram mapeadas pela Vixtra, fintech de comércio exterior, com base em dados disponibilizados pelo Banco Central na última semana de setembro.

Leonardo Baltieri, co-CEO da Vixtra, disse em comunicado que o recuo desde o fim do primeiro trimestre tem a ver com a discussão da taxação desses produtos. “A importação vem apresentando fortes oscilações no decorrer dos meses seguintes em meio às incertezas quanto às possíveis regras tributárias”, disse. Segundo ele, por outro lado, o crescimento dessas importações mesmo com a entrada em vigor das novas regras pode estar relacionado à maior compreensão dos consumidores quanto às normas.

“Com a entrada da Remessa Conforme e a aderência dos principais players ao programa, começa a ficar mais claro para o consumidor o quando ele será taxado e quanto vai pagar no produto final, o que possibilita ter uma certa previsibilidade quanto aos valores e avaliar se a compra ainda faz sentido.”

Nos oito primeiros meses deste ano, foram importados US$ 6,9 bilhões, queda de 6,2% (US$ 451 milhões) em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Apesar das grandes flutuações observadas nas importações ao longo do ano e das alterações na forma de tributação, é evidente o interesse contínuo dos brasileiros pelos produtos dessas plataformas de e-commerce. A clareza nas novas regras tributárias e o apelo de custo-benefício destas compras permanecerão como fatores-chave de atração para os consumidores”, disse Baltieri.

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