Bloomberg — A Great Wall, montadora chinesa que comprou fábrica da Daimler em Iracemápolis, São Paulo, planeja ter seus primeiros modelos pré-série saindo da linha de montagem brasileira em maio de 2024, já com a tecnologia híbrida-flex, de acordo com Oswaldo Ramos, Chief Commercial Officer da marca no Brasil.
O híbrido-flex está em desenvolvimento não só para a linha 2.0 turbo, que atenderá uma picape, mas também para a linha 1.5 turbo que envolve SUVs, disse Ramos, sem dar mais detalhes, a jornalistas durante um evento da marca em São Paulo.
Ele disse que o modelo 100% elétrico Ora 03, apresentado nesta quinta-feira (24) ao mercado brasileiro, é um forte candidato a ser produzido localmente no futuro, se tiver escala. “Com um volume de vendas de 15.000 unidades por ano, já se candidata a ser produzido no Brasil”, disse.
Sobre a fábrica brasileira, ele disse que as adaptações na instalação são muito mais sistêmicas e de software do que de hardware, porque a linha de montagem foi muito bem planejada pelo dono anterior, a Daimler. “O maior investimento são os ajustes de armação da carroceria e solda. Essa é a maior parte que está sendo desenhada junto com o produto que estamos desenvolvendo para o Brasil e que já conseguiremos fazer pré-série em maio.”
Ramos acrescentou que, no início, haverá alguns componentes nacionais, mas os modelos serão montados no esquema CKD, com peças vindas prontas do exterior. A Great Wall Motor pretende investir R$ 10 bilhões no Brasil em dois ciclos para criar sua quarta base completa de produção no mundo e a primeira na América Latina, em Iracemápolis, no interior de São Paulo.
A escolha da matriz chinesa pela antiga fábrica da Daimler foi baseada em eficiência e produtividade e também pela proximidade de outras montadoras asiáticas instaladas na região, como Toyota, Honda e Hyundai, segundo Ramos.
“Existe uma aproximação, uma conversa, um primeiro contato. Não tem nenhum plano concreto ainda, mas sem dúvida vai viabilizar a chegada de fornecedores de novas tecnologias. Já existe fornecedor fazendo conta, mas não tem nenhum fato relevante que eu possa anunciar. Estamos no nível de primeiro contato e fornecedores fazendo contas para vir”, disse.
Ramos disse esperar que em dezembro a Great Wall, auto-denominada no Brasil como GWM, tenha os modelos de carros híbridos e elétricos mais vendidos do país.
Disse também que, com base em números de outras regiões, quando a participação de mercado dos veículos eletrificados plug-in alcançar 4% do total de vendas, esse será o ponto de inflexão para a curva de crescimento passar a ser exponencial, principalmente em razão de a infraestrutura de carregamento já estar mais disseminada.
Para o Brasil, ele estima que essa fatia de 4% deverá ser alcançada dentro de um a dois anos.
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