Marca Bradesco Principal vai acelerar expansão na alta renda, diz Marcelo Noronha

CEO do segundo maior banco privado do país diz que avanço no segmento de clientes com menor risco de crédito ajuda na meta de ampliar a rentabilidade e de avanço da principalidade

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco
31 de Outubro, 2024 | 04:12 PM

Bloomberg Línea — Quase nove meses depois da apresentação do mais profundo plano de reestruturação de sua história, o CEO do Bradesco (BBDC3), Marcelo Noronha, fez nesta quinta-feira (31) uma avaliação positiva sobre a evolução das medidas e indicou a expectativa de um melhor desempenho do banco.

A recuperação gradual da rentabilidade, após ter controlado os indicadores de inadimplência, segue como o principal foco da gestão de Noronha, que completa um ano no cargo no fim de novembro.

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O segundo maior banco privado do Brasil espera continuar a aumentar a concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas em modalidades consideradas mais seguras, com exigência de garantias.

E aposta em um novo segmento de clientes de alta renda, apresentado hoje como “Bradesco Principal”, com renda superior a R$ 25 mil e aplicações entre R$ 300 mil e R$ 10 milhões.

“Quero crédito de qualidade, entregar margens perenes, e não ‘voo de galinha’”, disse Noronha em teleconferência com analistas sobre o resultado do terceiro trimestre.

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O executivo reforçou, em diferentes momentos, a mensagem de que o banco tende a colher frutos melhores no ano que vem após a série de iniciativas previstas no plano estratégico e executadas ao longo dos últimos trimestres.

Entre as medidas principais estão uma nova estrutura organizacional, que incluiu mudanças no alto escalão e reforços de equipes, reformulação de plataformas, revisão de processos e rotinas, investimentos em canais digitais e na área de pequenas e médias empresas.

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“Estamos ‘tracionando’ e estou confiante em todos os segmentos de clientes e verticais”, avaliou o CEO.

Ele citou, por exemplo, a aquisição de 50% do banco John Deere, um parceiro estratégico para acelerar o financiamento de veículos pesados no agronegócio brasileiro. A operação, anunciada em agosto, foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em setembro.

“Queremos fazer o closing do negócio ainda neste ano”, disse Noronha.

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Para justificar a aposta em um cenário doméstico mais benigno no ano que vem, o executivo apontou fatores como o crescimento da renda das famílias, o nível baixo da taxa de desemprego e a atividade econômica aquecida no estado de São Paulo e na região agrícola do Centro-Oeste.

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Bradesco Principal

Além disso, segundo o CEO do Bradesco, o novo segmento de clientes de alta renda também deve ser um dos impulsionadores do movimento de crescimento do banco em 2025.

O novo Bradesco Principal começa com escritórios apresentados como flagships na capital paulista (esquina da Faria Lima com JK), no Rio de Janeiro (Leblon) e em Campinas (interior paulista), antes de partir para a expansão geográfica ao longo do ano que vem com a inclusão de novas cidades. O novo segmento ficará acima do Bradesco Prime e abaixo do Private.

“Vamos chegar ao final de janeiro com algo já entre 45.000 e 50.000 clientes no novo segmento. Vamos seguir no processo de expansão até 2026″, projetou Noronha.

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Para atrair esse perfil de clientes, o Bradesco aposta em uma proposta de valor que mira o perfil do investidor que viaja com frequência.

Isso significa incluir benefícios como o acesso a salas VIP em aeroportos, fast pass (fila menor para check in e raio-x), cartão válido nos EUA, programas de pontos sem data de expiração, além da estrutura de corretora, banco de investimento, financial advisors e wealth planning.

“A equipe foi treinada e começa a partir de amanhã [sexta-feira, dia 1] a convidar os clientes a participar dessa nova experiência, disse o CEO.

O Principal também terá conexão com o Bradesco Bank, o banco do conglomerado nos Estados Unidos e sede no estado da Flórida, com conta corrente, investimentos e cartão de crédito americano.

O Bradesco disse que busca a principalidade dos clientes e potencializar ainda mais sua rentabilidade. Na prática, isso significa obter um aumento do share of wallet (participação maior dos recursos dos clientes), de margem das operações e aumento do NPS (métrica de satisfação do cliente).

O plano do banco prevê para 2025 ganho de market share em crédito, maiores sinergias entre suas empresas e captura de cross sell (venda cruzada).

Após a divulgação do balanço pela manhã e da teleconferência, as ações do Bradesco operavam em queda na B3. Perto das 15h30, o papel recuavam perto de 3,80%, cotado a quase R$ 14,50.

Analistas do sell side de bancos de investimento como Itaú BBA, BTG Pactual e Goldman Sachs destacaram a melhora sequencial do Bradesco, como o menor custo do crédito, a alta das receitas com clientes e com serviços e o desempenho considerado sólido do grupo segurador.

A reação negativa das ações refletiu, por outro lado, segundo analistas, a decepção com a margem com o mercado menor do que a esperada e maiores despesas.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.