Maersk cortará 10.000 vagas de olho em rentabilidade, em alerta ao comércio global

Redução é equivalente a 9% da força de trabalho da empresa de transporte marítimo, considerada um termômetro do comércio exterior; ações caíam cerca de 15% nesta sexta à tarde

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Bloomberg — A A.P. Moller-Maersk, uma empresa que é considerada uma espécie de termômetro do comércio global, vai cortar pelo menos 10.000 postos de trabalho para proteger sua rentabilidade em um mercado de transporte marítimo que, segundo ela, está se contraindo um pouco menos do que o previsto.

As reduções de pessoal, equivalentes a 9% do quadro de funcionários, são motivadas por taxas de frete mais baixas e pelo aumento da concorrência no transporte marítimo. Cerca de 6.500 desses cargos já foram eliminados, disse o CEO Vincent Clerc em uma entrevista à Bloomberg TV.

“Se observarmos a carteira de pedidos e o que está por vir nos próximos dois anos, acho que provavelmente estamos nos preparando para um ambiente muito moderado e pressionado nos próximos dois ou três anos”, disse Clerc.

As ações da Maersk na Bolsa de Copenhague recuavam cerca de 15% no começo da tarde no horário local.

A Maersk espera economizar US$ 600 milhões com as medidas de corte de pessoal, de acordo com um comunicado nesta sexta-feira (3). A empresa sediada em Copenhague também colocará seu programa de recompra de ações em 2024 sob revisão e reduzirá sua estimativa de despesas de capital em 2023 e 2024.

As linhas de contêineres estão enfrentando uma queda abrupta nos ganhos após lucros recordes em 2021 e 2022, quando a alta demanda por bens de consumo durante a pandemia, juntamente com a oferta limitada de navios, elevou os preços do frete.

Este ano, o crescimento econômico global perdeu força e as empresas estão trabalhando com os estoques existentes em vez de transportar novos produtos para a Europa e os EUA. Ao mesmo tempo, um excesso de oferta de navios está se acumulando no mercado.

O lucro da Maersk antes de juros, impostos, depreciação e amortização caiu mais de 80%, para US$ 1,88 bilhão no terceiro trimestre, atendendo às estimativas dos analistas.

O comércio global de contêineres provavelmente cairá de 0,5% a 2% este ano, disse a Maersk, em comparação com sua previsão anterior de uma contração de 1% a 4%.

A Maersk disse que agora vê o Ebitda subjacente de 2023 “em direção à extremidade inferior” de uma faixa anteriormente fornecida de US$ 9,5 bilhões a US$ 11 bilhões.

Seus planos reduzidos de gastos de capital e a revisão de suas recompras de ações planejadas “provavelmente serão considerados negativamente”, disseram os analistas do Citigroup, liderados por Sathish Sivakumar, em uma nota aos clientes. Os analistas provavelmente reduzirão suas estimativas de lucros para o ano inteiro da empresa em meados de um dígito, acrescentaram.

A desaceleração do setor deverá ser mais profunda e mais longa do que o mercado espera, alertaram os analistas do Goldman Sachs em uma nota de pesquisa no mês passado, repetindo uma recomendação de venda das ações da Maersk. De acordo com a Bloomberg Intelligence, a Maersk pode ter que esperar até 2025 para que seus lucros cresçam, em meio a taxas fracas.

A Maersk, que transporta cerca de um sexto dos contêineres do mundo, preparou-se para o período mais desafiador, procurando manter muitos de seus grandes clientes em contratos de longo prazo na época em que as taxas eram mais altas, para aliviar o impacto da volatilidade das taxas de frete.

A empresa dinamarquesa também está ampliando seu foco para abranger a logística de contêineres em terra, onde as margens de lucro são tradicionalmente mais altas do que no mar.

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- Matéria atualizada às 9h33 de sexta-feira com as cotações da empresa nesta sexta.

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