Bloomberg — O governo do Brasil está avançando com os planos de importar gás natural do megacampo de Vaca Muerta, na Argentina, em um sinal de que os acordos comerciais bilaterais podem superar uma relação política complicada entre os atuais mandatários dos países.
O Ministério de Minas e Energia assinou um memorando de entendimento com a Argentina liderada por Javier Milei nesta segunda-feira (18) para identificar a infraestrutura necessária para aumentar o fornecimento de gás natural, informou governo brasileiro.
O Brasil espera que os volumes importados da Argentina cheguem a 30 milhões de metros cúbicos por dia até 2030 e fazem parte de um plano mais amplo para usar o combustível para acelerar o crescimento industrial, de acordo com o ministério.
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O acordo mostra como os negócios entre o Brasil e a Argentina, as duas maiores economias da América do Sul, são capazes de avançar mesmo no momento em que Milei sonha em desafiar o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para ser um ator importante no cenário global.
Os dois líderes têm travado uma batalha pública desde o ano passado, quando Lula enviou uma equipe de assessores de campanha para trabalhar para o oponente eleitoral de Milei, Sergio Massa, enquanto o argentino incluiu seu vizinho em um grupo de “comunistas” com os quais ele não trabalharia.
Agora, o memorando de entendimento cria um grupo de trabalho bilateral para identificar as medidas necessárias para tornar economicamente viável o fornecimento de gás natural argentino ao Brasil.
A Argentina também precisa garantir um mercado mais amplo para suas vastas reservas de gás para acelerar o crescimento da produção.
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O acordo de gás deve permitir que o Brasil compre 2 milhões de metros cúbicos por dia de gás no início do próximo ano das províncias argentinas de Neuquen e Rio Negro, em volumes que podem chegar a 10 milhões de metros cúbicos diários nos próximos três anos.
O Brasil estima que o gás de Vaca Muerta poderá custar cerca de metade do preço médio atual de US$ 14 por BTU (uma medida para o combustível).
Inicialmente, um gasoduto que passa pela Bolívia seria usado para transportar o gás, mas os custos envolvidos, que são uma questão fundamental, ainda precisam ser resolvidos, de acordo com o ministério.
A Bolívia costumava abastecer o Brasil e a Argentina com o combustível extraído de suas reservas para usinas de geração elétrica até que sua produção diminuiu.
Outras opções de infraestrutura de transporte para expandir o fluxo de gás argentino para o Brasil poderiam incluir novos gasodutos que poderiam passar pela Argentina ou até mesmo pelo Paraguai, e embarques de gás natural liquefeito (GNL) de terminais argentinos para equivalentes na costa do Brasil, disse a autoridade.
O Ministério de Energia da Argentina não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Bloomberg News.
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