Mercado Livre tem lucro acima de estimativa e vê frutos em fintech, diz executivo

Richard Cathcart, diretor de RI, disse à Bloomberg Línea que iniciativa de conta remunerada já se traduz em maior engajamento do cliente; lucro chegou a R$ 531 mi, com alta anual acima de 100%

Centro de distribuição do Mercado Livre (Foto: Jonne Roriz/Bloomberg)
01 de Agosto, 2024 | 07:49 PM

Bloomberg Línea — O Mercado Livre (MELI) registrou lucro líquido de US$ 531 milhões no segundo trimestre, mais que o dobro em relação ao mesmo período do ano passado. O número superou o consenso das estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, que previam um resultado de US$ 414,9 milhões.

A receita líquida no período foi de US$ 5,1 bilhões, também acima da estimativa média de US$ 4,67 bilhões. O número representa um crescimento de 42% sobre o segundo trimestre de 2023. O lucro operacional foi de US$ 726 milhões, ante estimativa de US$ 669,5 milhões.

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As ações subiam 8,40% em Nova York por volta das 17h25 de Brasília, no after hours.

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O GMV (valor bruto das mercadorias transacionadas) cresceu 20% em relação ao mesmo período do ano passado, com Brasil e México sendo os principais impulsionadores do crescimento. Os dois países representam 79% das receitas da companhia.

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A empresa, que completa 25 anos em agosto, viu o número de compradores únicos atingir quase 57 milhões. O número de itens vendidos subiu 29%.

Apesar dos resultados positivos, a margem EBIT caiu um ponto percentual, para 15,1%, na comparação anual. Segundo o Mercado Livre, investimentos e provisões, especialmente no negócio de crédito, foram as principais causas da queda do indicador.

O diretor de Relações com Investidores, Richard Cathcart disse à Bloomberg Línea que são passos necessários para garantir o futuro do Mercado Pago, fintech da empresa no Brasil e no México.

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No segmento de fintech, a receita cresceu 28%, com um crescimento da carteira de crédito, que aumentou 51% ano contra ano. A chamada “conta turbinada” do Mercado Pago, que oferece remuneração de 105% do CDI, atraiu mais usuários.

“Estamos confiantes de que a fintech está ganhando tração como banco digital. A maior taxa de crescimento de usuários veio do Brasil. A iniciativa da ‘conta turbinada’ com remuneração maior trouxe mais pessoas para Mercado Pago, engajando mais”, disse o executivo.

No total, o Mercado Pago emitiu 1,6 milhão de novos cartões de crédito no trimestre no Brasil e México.

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O executivo destacou a saúde da carteira de crédito e a diminuição das taxas de inadimplência, com uma queda de 9% para 8% do NPL de 15 a 90 dias entre o primeiro e o segundo trimestre.

Expansão e investimentos

O Mercado Livre pretende continuar investindo na expansão da sua rede de fulfillment (em que cuida de todo o processo de entrega), com a abertura de novos locais no Brasil, apesar da pressão de margem a curto prazo.

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Com a entrada da asiática Temu no mercado brasileiro e a parceria do Magazine Luiza (MGLU3) com a AliExpress, Cathcart afirmou que o Mercado Livre já está preparado para competir, destacando a experiência da empresa em enfrentar a Temu há um ano em operação no México.

O perfil da Temu, focado em tíquetes menores, faz com que não seja um competidor para o Mercado Livre em todas as áreas, segundo o executivo.

O Mercado Livre lançou recentemente uma loja oficial do grupo Hugo Boss no Brasil e trouxe uma marca de luxo da L’Oreal para sua categoria de beleza.

A empresa está prestes a anunciar mudanças e implementações em cripto com seu produto de MeliCoin. Segundo Cathcart, o produto de fidelidade Meli+ terá novidades no início de setembro.

O programa de fidelidade está disponível no Brasil, no México e no Chile. “O programa tem uma taxa de retenção maior que o do que consumidores que não fazem parte do Meli+”, disse.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups