Bloomberg — A Arm deve revelar seu pedido de oferta pública inicial (IPO) ainda nesta segunda-feira (21), o que deve proporcionar ao mercado uma visão da saúde financeira da fabricante de chips sete anos após ter sido adquirida pelo SoftBank.
O IPO, planejado para setembro, está a caminho de ser o maior do ano e poderia ser um dos maiores lançamentos tecnológicos já realizados em uma bolsa dos Estados Unidos.
Embora a Bloomberg News tenha informado que a Arm tinha como objetivo ser avaliada entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em um IPO que levantaria entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões, essa meta pode ser menor, uma vez que o SoftBank decidiu manter mais da empresa após comprar a participação do Vision Fund.
A Arm não precisará divulgar o tamanho e preço propostos da oferta de ações até arquivamentos posteriores na SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.
A listagem está programada para ser a maior nos EUA desde a oferta de US$ 13,7 bilhões da fabricante de veículos elétricos Rivian Automotive, em novembro de 2021. Um recorde de US$ 339 bilhões foi levantado em mais de 1.000 IPOs naquele ano antes que a janela para novas listagens importantes fosse praticamente fechada.
A estreia da Arm poderia incentivar dezenas de startups, como a empresa de entrega de compras online Instacart e o provedor de automação de marketing e dados Klaviyo, a seguir adiante – ou adiar ainda mais – seus próprios planos de IPO.
É também a mais recente reviravolta para a Arm, que tinha um acordo para ser adquirida pela Nvidia (NVDA), mas cujo acordo foi cancelado no ano passado após a oposição de clientes e reguladores.
A listagem pode resultar em um bom retorno para o SoftBank, que busca uma vitória após uma expansão mal-sucedida no investimento em startups.
No entanto, o SoftBank ainda não está pronto para se desfazer da Arm, e pretende colocar no mercado apenas cerca de 10% das ações da empresa, segundo a Bloomberg News.
Queda na receita
A Arm vende os projetos necessários para fabricar microprocessadores e licencia tecnologia conhecida como conjuntos de instruções que ditam como os programas de software se comunicam com esses chips.
A eficiência energética da tecnologia da Arm ajudou a torná-la onipresente em telefones, onde a vida útil da bateria é fundamental.
Potenciais investidores estarão examinando como a Arm, sediada em Cambridge, no Reino Unido, planeja diversificar além de seus designs de chips para dispositivos móveis, que são usados por gigantes da tecnologia como a Apple (AAPL) e a Amazon (AMZN).
Embora a influência da Arm tenha crescido, a empresa enfrenta uma queda mais ampla na demanda por chips. Documentos preliminares mostram que a receita anual da Arm caiu 1% no último ano fiscal.
O CEO, Rene Haas, tem conduzido a empresa a assinar mais clientes que fabricam chips para computadores, servidores e data centers, uma área mais lucrativa do que o mercado de dispositivos móveis.
A listagem será um evento bem-vindo para as áreas de investment banking, cujas comissões e bônus diminuíram devido à escassez de IPOs este ano.
No pior ano para IPOs nos EUA desde a crise financeira de 2008, a cisão da Johnson & Johnson, a Kenvue, representa sozinha quase um terço dos US$ 14.4 bilhões levantados por ela e outras 109 empresas desde 1º de janeiro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
28 bancos na coordenação do IPO
Pelo menos 28 bancos estão envolvidos na oferta pública inicial (IPO) da Arm, segundo informou a Bloomberg News.
A listagem da Arm está seguindo caminhos de IPOs anteriores de grandes empresas de tecnologia. De forma semelhante ao IPO nos EUA da Alibaba Group, que arrecadou US$ 25 bilhões quase uma década atrás, a Arm não estará usando um banco “líder” e decidiu pagar igualmente seus quatro principais subscritores.
O IPO incluirá vários investidores estratégicos, que comprarão cerca de US$ 100 milhões em ações comuns cada um, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Embora envolva quantias menores, isso segue a mesma linha de um acordo em 2012 em que a ASML Holding trouxe alguns de seus maiores clientes - Samsung Electronics, Intel e Taiwan Semiconductor Manufacturing – como investidores.
A lista de investidores ainda não foi definida, mas clientes e parceiros da Arm, como Intel, Nvidia e Amazon, todos foram candidatos a investir, de acordo com a Bloomberg News.
Sob a liderança do fundador Masayoshi Son, o SoftBank investiu mais de US$ 140 bilhões em startups não lucrativas a partir de 2017, inflando valuations em todo o mundo antes de serem afetados pela pandemia de covid, pela repressão tecnológica da China e pelos aumentos de taxa do Federal Reserve nos EUA.
No ano passado, o Vision Fund do SoftBank teve um prejuízo recorde de US$ 30 bilhões.
-- Com a colaboração de Ian King, Michael Hytha e Fion Li.
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