Rio de Janeiro — O principal executivo (”Governor”) do PIF (Public Investment Fund), fundo soberano da Arábia Saudita com cerca de US$ 1 trilhão sob gestão, Yasir Al-Rumayyan, disse que tem planos concretos para o Brasil, o que inclui uma plataforma educacional e interesse destacado em áreas como tecnologia, energia renovável e mineração. Não houve, no entanto, anúncio de aportes em projetos específicos.
O governor do PIF também destacou a importância de regulações adequadas, apoio governamental, investidores estratégicos e recursos humanos qualificados.
As declarações foram dadas nesta quarta-feira (12) em painel do FII Priority, evento o Rio de Janeiro organizado pelo FII (Future Investment Initiative) Institute, organização sem fins lucrativos que funciona como catalisador de investimentos em projetos de energias renováveis, infraestrutura, tecnologia e esporte, entre outras áreas.
Al-Rumayyan, que também é presidente do conselho da Saudi Aramco, uma das maiores petrolíferas do mundo, e do FII Institute, disse que, do US$ 1 trilhão gerido pelo fundo saudita, 80% são destinados a investimentos domésticos, enquanto cerca de 20% é aplicado internacionalmente (US$ 200 bilhões).
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O PIF investe no Brasil desde 2016, segundo ele.
“Estamos interessados em investir em tecnologia, energia renovável e mineração e espero que no futebol também”, disse no evento FII Priority, do qual o PIF é o principal apoiador financeiro.
“Cerca de 70% da população saudita está abaixo dos 35 anos, de modo que estamos interessados em temas como lazer, entretenimento e esportes. Por isso temos tantas grandes iniciativas em diferentes esportes, incluindo o futebol, e acho que este é o melhor lugar para se discutir isso”, completou.
No mesmo painel estavam o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, além do ex-ministro da Fazenda e atual diretor de Planejamento do BNDES, Nelson Barbosa.
Barbosa apontou áreas promissoras como energia limpa e concessões de florestas. Al-Rumayyan ressaltou o interesse maior em áreas como sustentabilidade e inovação, frisando a necessidade de infraestrutura energética renovável para suportar o crescimento da inteligência artificial (IA).
“Nós esperamos um aumento de consumo de energia de 3 a 6% em uma base anual vindo do uso de IA. Vou dar um exemplo. O processo de aprendizado do ChatGPT por um dia é o equivalente ao consumo de 283 mil casas da Califórnia por ano. Isso diz sobre o grande desafio que o mundo vai ter, teremos mais emissões se continuarmos a usar combustíveis fósseis, especialmente carvão”, disse Al-Rumayyan.
“Devemos olhar soluções para ter a revolução de IA por meio de energia renovável. Estamos trabalhando nisso e acho que o Brasil está muito bem posicionado para ser um dos maiores players.”
Barbosa, como representante do governo federal, disse que o Brasil está preparado para apoiar esses investimentos, em busca de entregar melhorias regulatórias e condições financeiras favoráveis, para atrair, por exemplo, data centers que possam ser alimentados por energia renovável.
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