Bloomberg — Cresce um otimismo cauteloso sobre as perspectivas para novas descobertas de petróleo no Brasil antes do leilão de blocos exploratórios desta quarta-feira (13), na esteira das descobertas de reservatórios enormes pela TotalEnergies e a Shell do outro lado do Atlântico.
A Bacia de Pelotas, uma das áreas onde a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) oferecerá concessões de exploração, é vista como geologicamente semelhante à Namíbia, onde as duas grandes petrolíferas europeias perfuram poços para determinar a dimensão das descobertas recentes.
O país africano estava conectado à América do Sul antes da deriva dos continentes há mais de 100 milhões de anos, e Pelotas é considerada o melhor equivalente geológico do lado brasileiro.
A exploração de petróleo no Brasil precisa urgentemente de um impulso. Uma década já se passou sem grandes descobertas nas águas do país, apesar das tentativas dos perfuradores marítimos mais experientes do mundo.
Petrobras (PETR3; PETR4), Exxon (XOM), Shell (SHEL) e Total (TTE) exploraram o pré-sal sem descobrir grandes campos nesse período. Isso significa que a produção de petróleo do Brasil atingirá o pico por volta do final desta década, a menos que novos depósitos sejam descobertos e desenvolvidos.
“O boom do pré-sal passou” disse Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em entrevista à Bloomberg News. “É hora de buscar novas fronteiras para que o Brasil siga produzindo petróleo.”
A ANP oferecerá um total de 602 blocos sob contratos de concessão. Eles abrangem desde áreas terrestres na Bacia Amazônica até regiões de águas profundas no nordeste e sul do país.
Serão oferecidos mais cinco blocos na região do pré-sal sob o modelo de partilha. Os bônus de assinatura para os blocos do pré-sal totalizam R$ 259 milhões. A Petrobras não exerceu seu direito de preferência para esses blocos antes do leilão.
A indústria petrolífera brasileira também enfrentou outros ventos contrários. As autoridades ambientais frustraram os esforços para explorar a região de águas profundas conhecida como Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial, em meio à crescente pressão global para abandonar os combustíveis fósseis.
A recente queda nos preços do petróleo deve tornar os licitantes cautelosos. Ativistas ambientais se organizam para agir contra 77 blocos de águas profundas, incluindo alguns perto de Fernando de Noronha.
Mas o Brasil tem muito potencial, mesmo no pré-sal, disse Pedro Zalan, geólogo e consultor que trabalhou anteriormente na Petrobras.
As petrolíferas precisam parar de tentar replicar o sucesso que a estatal teve no início deste século e procurar estruturas geológicas diferentes, disse. Ele citou como exemplo uma área na Bacia de Santos que será oferecida nesta quarta-feira e pode conter volumes comerciais de petróleo.
“É hora de testar novas ideias no pré-sal”, disse Zalan.
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