Kora Saúde negocia com debenturistas perdão para cláusula financeira, dizem fontes

Contratos da empresa exigem que ela mantenha a relação entre dívida líquida e Ebitda menor ou igual a 4 vezes para 2024 e a 3,5 vezes a partir de 2025

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Bloomberg — A Kora Saúde (KRSA3) negocia com debenturistas um perdão para um possível descumprimento de uma cláusula financeira no contrato, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

O Banco BTG Pactual (BPAC11), que foi coordenador da venda dos títulos e forneceu crédito à empresa anteriormente, está ajudando nas negociações, disseram as pessoas, pedindo anonimato porque as conversas não são públicas.

A Kora declinou de comentar e o BTG não respondeu a pedido de comentário.

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O diretor financeiro da Kora, Elias Leal Lima, disse a analistas que a companhia fez uma “grande mudança” no seu perfil de endividamento no ano passado, conduzindo exercícios de gestão de passivos e um reperfilamento de algumas de suas dívidas.

“A gente tem falado com bancos e com debenturistas para readequar passivos entendendo as necessidades de cada um e a capacidade de pagamento da companhia”, disse Lima durante a teleconferência do segundo trimestre, em agosto. “Os credores sempre foram parceiros da companhia e a gente vislumbra ter sucesso nessa readequação de passivos ao longo dos próximos trimestres.”

A Kora, de propriedade da HIG Capital, uma empresa global de gestão de investimentos alternativos, está em dificuldades diante do cenário adverso do setor de saúde no Brasil, com queda na geração de fluxo de caixa operacional (Ebitda), além do aumento dos custos operacionais e taxas de juros mais altas.

Em junho de 2024, a Kora tinha uma dívida bruta total de R$ 2,374 bilhões, incluindo dois títulos, um de R$ 400 milhões emitido pela própria empresa e outro de R$ 715 milhões emitido por sua unidade Hospital Anchieta.

Embora não seja a opção preferida da empresa, a Kora também considera uma reestruturação da dívida mais abrangente, disseram as pessoas.

A companhia caminha para um rompimento de cláusula financeira nos contratos de suas debêntures, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas ao discutir um assunto privado.

A empresa vem sofrendo há anos, mas desta vez não conseguirá levantar caixa rapidamente usando recebíveis como lastro como costumava fazer, disse uma das pessoas.

Os contratos das debêntures da empresa exigem que ela mantenha a relação entre dívida líquida e Ebitda menor ou igual a 4 vezes para 2024 e a 3,5 vezes a partir de 2025.

O vencimento antecipado não seria automático no caso de violação do contrato. Os debenturistas poderão exigir a antecipação por meio de assembleia geral, caso a Kora ou suas subsidiárias não cumpram as cláusulas restritivas.

As avaliações dos contratos acontecem anualmente, ou quando necessário, a fim de verificar indícios de descumprimento dos termos contratuais, conforme documentos da empresa.

Em 31 de dezembro de 2023 e em 30 de junho de 2024, “não foram verificados indícios de que as empresas não seriam capazes de cumprir integralmente as condições estabelecidas”, segundo o documento.

O Kora é um dos maiores grupos hospitalares privados do Brasil e o principal hospital privado do estado do Espírito Santo, onde está sediada, oferecendo uma gama de tratamentos avançados de saúde.

A HIG é a acionista controladora da Kora, com 68,4% de participação na empresa. O fundo de private equity está tentando vender a sua fatia, segundo reportagens da mídia local.

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