Bloomberg — A Kinea Investimentos, uma das principais gestoras de recursos do país, vê incertezas na corrida eleitoral de 2026 e avalia que há melhores oportunidades no exterior neste momento do que entre os ativos brasileiros.
A avaliação da gestora, que detém mais de R$ 140 bilhões em ativos sob administração de acordo com os dados mais recentes da Anbima, é de que o mercado já se posiciona para uma vitória eleitoral da centro-direita em 2026, segundo carta aos cotistas de seus fundos multimercado. Mas ainda é cedo, diz a Kinea, para se apostar em uma possível alternância de poder.
A perspectiva de alternância foi o que preveniu que os ativos domésticos sofressem uma piora relacionada à recente deterioração fiscal, avalia a gestora. No entanto, a Kinea projeta, levando em consideração análises históricas, um aumento dos índices de popularidades do governo nos próximos meses desde que o dólar e os juros permaneçam estáveis.
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“Permanecemos pouco construtivos com relação aos ativos brasileiros, principalmente quando comparamos com outras oportunidades no cenário internacional, por uma combinação de juros elevados, desaceleração econômica e um cenário eleitoral ainda bastante incerto para 2026”, diz a Kinea, na carta.
Sobre o panorama fiscal, a gestora chama atenção para medidas que têm caráter estrutural de aumento de gastos e de parafiscal — gastos que não fazem parte do orçamento federal —, “com compensação de receitas ainda duvidosas”. A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil tem forte apelo popular, afirma.
Apostas lá fora
A Kinea disse que mantém posições compradas — que ganham com a valorização — nos mercados de ações globais, incluindo o mercado norte-americano e o europeu. “Nos Estados Unidos, permanecemos focados em eletrificação e inteligência artificial, e consideramos que, após a correção recente, oportunidades atrativas se encontram presentes”, diz a carta.
Segundo a gestora, as tarifas comerciais adotadas pelo presidente Donald Trump devem ter efeito limitado sobre a atividade dos EUA — as incertezas sobre os anúncios acabam tendo impacto pior do que a efetiva implementação, avalia a Kinea.
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A gestora também está comprada no mercado acionário chinês, com ênfase no setor de tecnologia devido à aceleração de investimentos em inteligência artificial no país.
Mas o fundo diz que se posiciona para uma depreciação do yuan chinês, pelo fato de que a economia do país permanece em um processo deflacionário, principalmente pelo legado do setor imobiliário.
“Sofrerá o efeito das tarifas a serem implementadas ao longo do ano, sendo a moeda a válvula de escape natural para restabelecer equilíbrio”, afirma a Kinea.
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