Bloomberg — O JPMorgan Chase (JPM) registrou recorde de receita de juros líquida (net interest income ou NII) no terceiro trimestre e elevou sua previsão para o ano, à medida que a empresa se beneficia de taxas de juros mais altas e de sua aquisição do First Republic Bank.
A receita de juros líquida foi de US$ 22,9 bilhões nos três meses encerrados em 30 de setembro, acima das expectativas dos analistas. O maior banco dos Estados Unidos disse que agora espera gerar US$ 88,5 bilhões dessa fonte de receita este ano.
“Reconhecemos que esses resultados se beneficiam de nossa super-receita tanto na receita de juros líquida quanto nos custos de crédito abaixo do normal, ambos os quais se normalizarão com o tempo”, afirmou o CEO Jamie Dimon em comunicado.
O CEO alertou que as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio podem ter consequências de longo alcance. “Este pode ser o período mais perigoso que o mundo viu em décadas”, disse ele.
Os resultados da JPMorgan refletem ganhos semelhantes do Wells Fargo (WFC), que divulgou na sexta-feira que a receita de juros líquida - a diferença entre o que um banco ganha com empréstimos e o que paga em depósitos - também superou as estimativas.
Os balanços do terceiro trimestre oferecem a visão mais recente do desempenho econômico dos consumidores e empresas dos EUA, à medida que o Federal Reserve mantém as taxas de juros mais altas por mais tempo do que a maioria dos economistas havia previsto.
As ações da JPMorgan, que subiram 8,7% este ano até quinta-feira, subiram 0,8% no início das negociações em Nova York. O Wells Fargo avançou 2,4%.
A JPMorgan também forneceu uma visão geral de como a empresa tem se integrado o First Republic Bank, que foi comprado em um leilão liderado pelo governo em maio.
Dimon afirmou em agosto que o processo tinha sido “excelente” e que a turbulência dos bancos regionais que levou ao colapso do First Republic acabou “por enquanto”. O banco informou na sexta-feira que o lucro líquido atribuível ao First Republic foi de US$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre.
Esta sexta-feira também marca o início da primeira temporada de balanços dos bancos desde que os reguladores dos EUA propuseram um novo conjunto de regras de capital que obrigaria os oito maiores bancos a aumentar a quantia reservada em cerca de 19%.
Executivos de Wall Street disseram que os requisitos adicionais prejudicariam a economia. Os investidores estão ansiosos por mais comentários de executivos sobre quais podem ser as possíveis consequências.
A JPMorgan informou que os empréstimos totais subiram 18% em relação ao ano anterior. Os depósitos caíram 1%.
O banco registrou US$ 1,5 bilhão em baixas líquidas, citando empréstimos com cartão de crédito como motivo do aumento. Dimon disse no mês passado que as perdas maiores com cartões são uma “normalização” em relação aos níveis excepcionalmente baixos dos últimos anos, e que sua empresa tem estado “super-faturando no crédito”.
O JPMorgan reduziu a quantia reservada para empréstimos potencialmente inadimplentes em US$ 113 milhões, enquanto os analistas esperavam um aumento da reserva.
A receita do segmento de mercados caiu em relação ao ano anterior, devido a uma queda de 10% na negociação de ações. Isso foi parcialmente compensado por um surpreendente ganho de 1% para os traders de títulos de renda fixa, enquanto os analistas esperavam uma leve queda. O JPMorgan atribuiu o ganho a uma maior receita em produtos securitizados e crédito.
Os resultados também incluíram perdas de US$ 669 milhões em investimentos em títulos e despesas legais de US$ 665 milhões.
A empresa reduziu sua projeção de despesas ajustadas para o ano inteiro para cerca de US$ 84 bilhões, excluindo uma avaliação especial da Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC) relacionada a quebras de bancos regionais no início deste ano.
O JPMorgan havia dito anteriormente que esperava que a métrica, que exclui custos legais, ficasse em cerca de US$ 84,5 bilhões para o ano.
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