Itaú tem lucro recorde em 2024 e aprova R$ 12,2 bi em dividendos extraordinários

Maior banco brasileiro acelerou a concessão de crédito no ano passado, reduziu custos e manteve a inadimplência sob controle, mas projeta um apetite menor ao risco em 2025

Itaú Unibanco eleva lucro em 18,2% em 2024 e distribui R$ 28,7 bi aos acionistas
05 de Fevereiro, 2025 | 08:38 PM

Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4) fechou 2024 com um lucro recorde de R$ 41,403 bilhões e aprovou a distribuição de R$ 12,229 bilhões em dividendos extraordinários, segundo o resultado financeiro divulgado na noite desta quarta-feira (5).

Entre as explicações para o desempenho, o maior banco brasileiro citou o ritmo de concessão de crédito no ano passado, mas projetou um menor apetite ao risco nas projeções (guidances) para 2025.

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No quarto trimestre, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 10,884 bilhões, crescimento de 2% em relação ao trimestre anterior (R$ 10,675 bilhões).

O resultado trimestral ficou levemente acima do consenso das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg (R$ 10,83 bilhões). Já o lucro anual representou um aumento de 18,2% na comparação com o de 2023 (R$ 35,040 bilhões).

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Os principais indicadores divulgados pelo banco apontaram desempenhos positivos. A rentabilidade medida pelo ROE (retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio atualizado) alcançou 22,2%, incremento de 1,2 ponto percentual na comparação com 2023.

O crescimento da carteira de crédito total foi de 15,5% na comparação com o ano anterior. A margem financeira com clientes cresceu 7,1%. Houve ainda uma redução de 6,6% no custo do crédito e um aumento de 35,2% na margem financeira com o mercado.

“A performance reflete a capacidade do banco em crescer de maneira sustentável, com qualidade e rentabilidade”, avaliou o banco em nota à imprensa.

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O aumento da carteira de crédito apenas da operação brasileira foi de 14,3% e aconteceu em todos os segmentos: 6,9% em pessoas físicas, 17,7% em micro, pequenas e médias empresas e 21,0% em grandes empresas. A carteira na América Latina avançou 21,1%.

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As receitas com serviços tiveram um crescimento de 7,2%, principalmente em razão do aumento do faturamento na atividade de emissão de cartões, além de maiores ganhos com administração de recursos e com atividades de banco de investimento, segundo o balanço.

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“Também merece destaque o crescimento de 13,8% no resultado de seguros, previdência e capitalização, com evoluções em prêmios ganhos de seguros, saldos de fundos de previdência e receitas líquidas de capitalização”, acrescentou o banco no relatório.

O banco também manteve a inadimplência sob controle no ano passado. O índice de atrasos acima de 90 dias (NPL 90) teve leve queda de 0,2 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, para o menor patamar dos últimos 14 trimestres.

No Brasil, houve redução de 0,2 ponto no indicador de pessoas físicas e de 0,5 ponto no de micro, pequenas e médias empresas. A carteira em atraso acima de 90 dias teve recuo nominal pelo segundo trimestre consecutivo.

Já o índice de inadimplência entre 15 e 90 dias (NPL 15-90) caiu 0,2 ponto no trimestre, com reduções em todos os segmentos. Os indicadores de pessoas físicas e de micro, pequenas e médias empresas no Brasil recuaram pelo terceiro trimestre consecutivo, segundo o banco. Na América Latina, o índice também diminuiu devido à menor inadimplência no Chile, na Colômbia, no Paraguai e no Uruguai.

Projeções para 2025

Depois do crescimento de 15,5% da carteira de crédito expandida em 2024, o Itaú projeta um avanço de um dígito neste ano, em meio à continuidade do ciclo de alta dos juros pelo Banco Central para conter a inflação.

O guidance para a expansão da carteira ficou entre 4,5% e 8,5%. A margem financeira deve ter expansão entre 7,5% e 11,5% (com clientes) e entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões (com o mercado).

Também foram divulgadas projeções para custo de crédito (entre R$ 34,5 bilhões e R$ 38,5 bilhões), receita de prestação de serviços e resultado de seguros (crescimento entre 4% e 7%), despesas não decorrentes de juros (aumento entre 5,5% e 8,5%) e alíquota efetiva de IR/CS (entre 26% e 29%).

Dividendo extraordinário

O conselho de administração do Itaú também aprovou o pagamento de R$ 12,229 bilhões em dividendos extraordinários, o que confirmou a expectativa criada junto aos investidores desde o ano passado diante do cenário do excesso de capital.

Haverá ainda R$ 3 bilhões em recompras e cancelamentos de ações durante 2025, além do pagamento de R$ 15 bilhões para o pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio.

A base de cálculo utilizada nesses pagamentos será a posição acionária final registrada no próximo dia 17 de fevereiro, com as ações negociadas “ex-direito” a partir do dia 18.

“Será pago, em 7 de março de 2025, o montante de dividendos e JCP líquidos no montante de R$ 2,030363 por ação”, comunicou o Itaú.

Com o anúncio, o banco totaliza R$ 28,7 bilhões (69,4% do resultado recorrente auferido em 2024) distribuídos aos acionistas em 2024, um crescimento de 33,8% sobre os valores de 2023.

O conselho de administração também aprovou nesta quarta-feira a bonificação em ações à razão de 10%, que serão atribuídas de forma gratuita aos detentores de ações da companhia, na proporção de 1 nova ação da mesma espécie (ITUB3, ITUB4 e ITUB) para cada 10 ações possuídas.

“Terão direito à bonificação os acionistas titulares de ações na posição acionária final do dia 17.03.2025, sendo que as novas ações serão liberadas para negociação “ex” direito à bonificação a partir de 18.03.2025. A bonificação resultará na manutenção do valor dos dividendos mensais em R$ 0,015, gerando um aumento de 10% no valor recebido mensalmente”, informou o Itaú no relatório.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.