Itaú: lucro supera projeções no segundo trimestre, apesar de inadimplência

Maior banco privado do país lucra R$ 8,7 bi entre abril e junho com, alta de 13,9% em 12 meses. Rentabilidade (ROE) ficou em 20,9%, acima dos 20,7% de janeiro a abril

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Bloomberg Línea — O lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco (ITUB4) acumulado no segundo trimestre (R$ 8,7 bilhões) superou a média das expectativas do mercado (R$ 8,6 bilhões), com uma alta de 13,9% em 12 meses. O resultado, divulgado na noite desta segunda-feira (7), mostrou uma melhora da rentabilidade, apesar de o índice de inadimplência permanecer em patamar considerado elevado.

O aumento dos atrasos foi compensado pelo avanço da carteira de crédito e por melhores margens com clientes e o mercado, além da operação de seguros.

A rentabilidade medida pelo ROE (retorno sobre o patrimônio líquido médio atualizado) ficou em 20,9%, acima dos 20,7% do trimestre anterior e dos 20,8% no segundo trimestre do ano passado. Esse aumento ocorreu mesmo com a alta do índice de inadimplência (acima de 90 dias de atraso) para 3%, ante 2,9% no primeiro trimestre e 2,7% no segundo trimestre do ano passado.

O Itaú listou os principais fatores que justificaram a alta do seu lucro: aumento da margem financeira, graças ao crescimento da carteira, gradual mudança do mix de crédito com melhores spreads e receita de seguros.

“Nossos resultados no segundo trimestre refletem os avanços na agenda de transformação do banco e a consistência na nossa capacidade de entregar resultados sólidos e sustentáveis ao longo do tempo”, disse o CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, em comunicado.

O executivo apontou expectativas positivas. “Iniciamos a segunda metade do ano otimistas com as perspectivas para o futuro, decorrentes da consolidação da agenda monetária e fiscal que deverá promover uma retomada mais robusta da atividade econômica no país˜, acrescentou.

Em outro documento, o Itaú manteve o guidance (projeção) para o crescimento de sua carteira de crédito (6% a 9%) no ano, bem como para a margem financeira com clientes (13,5% a 16,5%) e com o mercado (R$ 2 bilhões a R$ 4 bilhões) e com o custo de crédito (R$ 36,5 bilhões a R$ 40,5 bilhões).

O banco revisou para baixo o guidance para o crescimento da receita de prestação de serviços e resultado das operações de seguros, previdência e capitalização, do intervalo de 7,5% para 10,5% para 5% a 7%.

A instituição atribuiu a alta de 25,3% em 12 meses para o custo do crédito (R$ 9,4 bilhões) principalmente à maior despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa nos negócios de atacado no Brasil.

Já o aumento de 1,4% nas receitas de serviços e seguros no segundo trimestre, na base anual, foi impulsionado pelo faturamento de cartões, tanto em emissão quanto em adquirência; pelo crescimento das receitas de administração de consórcios e pelo aumento de prêmios ganhos, o que contribuiu para o crescimento de 17,5% dos resultados de seguros no mesmo período.

“O aumento sequencial e gradativo da nossa rentabilidade, a estabilização dos índices de atraso e a melhoria contínua do nosso índice de eficiência foram os destaques do nosso segundo trimestre, consolidando a entrega de resultados bastante sólidos e consistentes para o Itaú Unibanco nesta primeira metade do ano”, afirmou o CFO da Itaú Unibanco, Alexsandro Broedel, na nota.

Os ADR (recibos negociados em Nova York) do Itaú operavam em leve alta de 0,18%, cotados a US$ 5,63, no after hours em NY após a divulgação do balanço.

O lucro do Itaú no segundo trimestre superou o do Bradesco (R$ 4,5 bilhões) e o do Santander Brasil (R$ 2,140 bilhões). O ROE de 20,9% também ficou acima de seus pares: Bradesco (11,1%) e Santander (11%).

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