Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4), maior banco do país, estabilizou o índice de inadimplência no terceiro trimestre, voltou a acelerar a concessão de crédito na ponta e obteve um lucro líquido de R$ 9,04 bilhões, acima das expectativas do mercado (R$ 8,94 bilhões). O valor representa crescimento de 3,4% em três meses e de 11,9% em 12 meses.
O resultado financeiro, divulgado na noite desta segunda-feira (6), reforçou a tendência de estabilização da inadimplência no setor antes apontada pelo balanço do Santander Brasil (SANB11) no último dia 25. Na quinta, após o fechamento da B3, será a vez de o Bradesco (BBDC4) revelar seus números.
O índice de atrasos acima de 90 dias ficou em 3% no terceiro trimestre, igual ao registrado no trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado (2,8%), houve uma alta de 0,20 ponto percentual. A inadimplência em alta afetou os resultados das maiores instituições financeiras do país desde o final de 2021 em momento de ciclo de aperto monetário.
A rentabilidade medida pelo ROE (retorno sobre o patrimônio) ficou em 21,1% no terceiro trimestre, um incremento de 0,10 ponto percentual em três meses e em 12 meses.
Entre os maiores bancos do país, trata-se, por enquanto, do maior ROE divulgado. No fim do mês passado, o Santander havia reportado um ROE de 13,1% no terceiro trimestre.
Em comunicado ao mercado, o Itaú citou como fatores que mais influenciaram seus resultados o aumento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito, e as maiores receitas de serviços e seguros. A carteira de crédito total do Itaú teve crescimento de 4,7% em 12 meses, alcançando a cifra de R$ 1,163 trilhão.
O Itaú informou que a carteira de crédito cresceu em todos os segmentos no Brasil, nos nove primeiros meses do ano: 6,3% em pessoas físicas, 3,3% em micro, pequenas e médias e 7,3% em grandes empresas. Desde agosto, a carteira na Argentina passou a ser desconsiderada após venda para o Banco Macro por US$ 50 milhões.
Retomada do crédito
No terceiro trimestre, o Itaú faturou mais com cartões, tanto em emissão quanto em adquirência, além de ter obtido maiores receitas de administração de consórcios e em operações de banco de investimento. O crescimento de 19% do resultado de seguros em 12 meses foi atribuído ao aumento de prêmios ganhos.
Como indicava o CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, ao comentar o balanço do segundo trimestre em agosto, os sinais de retomada do crédito ganharam maior ritmo no terceiro trimestre. Houve alta de 17,9% na concessão de crédito pessoal, de 12,1% em crédito imobiliário e 3,1% em veículos na carteira de pessoas físicas em 12 meses.
Entre julho e setembro, a carteira de crédito para pessoa física avançou 0,8% na comparação com o segundo trimestre, quando subiu 0,7%; e a de pessoa jurídica cresceu 2,4% (após retração de 1,7% na mesma comparação).
Por outro lado, o custo do crédito cresceu 15,9% em 12 meses, totalizando R$ 9,263 trilhões, um desempenho atribuído principalmente à maior despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa no Brasil.
O aumento das despesas de pessoal no período foi explicado pela instituição financeira pelo reajuste dos bancários, enquanto as despesas administrativas foram maiores com processamento de dados, telecomunicações e depreciação e amortização de seus projetos de tecnologia.
Revisão de guidance
O banco revisou as projeções - guidance - para 2023, considerando o impacto da venda da operação na Argentina. Para a carteira de crédito total, o intervalo de crescimento projetado, que estava entre 6% e 9% no início do ano, caiu para a faixa de 5,7% e 8,7%.
Já o guidance para margem financeira com clientes passou do intervalo entre 13,5% e 16,5% para 12,5% e 15,5%, enquanto a projeção para a margem financeira com o mercado saiu do intervalo entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões para entre R$ 1,6 bilhão e R$ 3,6 bilhões.
As ações do Itaú acumulam ganhos de 12% em 2023. Fecharam nesta segunda em alta de 0,72%, cotadas a R$ 28,13.
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