Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4) vai pagar um dividendo extraordinário de 2024 maior do que o de 2023, pois o banco não tem interesse em reter capital além do necessário, segundo disse o CEO Milton Maluhy Filho, em teleconferência com analistas nesta terça-feira (5).
O valor da distribuição deve ser divulgado no início de fevereiro de 2025, na data da divulgação do resultado do quarto trimestre, ainda não definida.
Em 2023, o Itaú teve lucro de R$ 35,6 bilhões e pagou R$ 11 bilhões em dividendo extraordinário.
Segundo o CEO, as incertezas regulatórias diminuíram neste ano, o que abre espaço para uma maior distribuição de dividendos para os acionistas, embora a definição do montante dependa ainda de uma maior clareza sobre as projeções e cenários do ano que vem.
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“No início do ano, eu anuncio um dividendo extraordinário maior que o declarado e pago em 2023. Podem esperar um dividendo de magnitude maior do que foi declarado e pago no ano passado”, afirmou o executivo.
No terceiro trimestre, o maior banco do país reportou um índice de capital de 13,7%, acima do piso de 11,5%. O CEO avaliou que o banco está confortável com esse nível de capital, que cresceu 0,6 ponto percentual nos últimos 12 meses.
“Estamos conseguindo crescer o banco com qualidade, criando valor e gerando capital. E esse capital tem sido mais que suficiente financiar a expansão das carteiras de crédito e das atividades do banco. Em relação ao ano anterior, temos hoje uma base de capital maior do que tínhamos e menos incertezas regulatórias”, disse.
Maluhy Filho fez referência à implementação da resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) nº 4.966 e da MP (Medida Provisória) nº 1.261. A primeira entra em vigor em janeiro de 2025 e fixa um novo modelo de mensuração de provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito. Já a segunda diminui o total mensal de perdas que os bancos podem usar para diminuir seus impostos com créditos tributários.
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“Não esperamos impacto da Resolução nº 4.966 no patrimônio líquido, no índice de capital e na despesa de PDD [provisão para devedores duvidosos]. Não teremos impacto no índice de capital por causa da MP nº 1.261″, disse o CFO do Itaú, Gabriel Amado de Moura, ao explicar que o banco já trabalha com provisão para perdas esperadas.
O CEO reforçou que a gestão de provisionamento adotada pelo banco é proativa, com o objetivo de deixar o balanço sem surpresas, o que leva a uma revisão constante dos eventos e casos de crédito, com a busca de um nível adequado de provisão principalmente para clientes corporativos.
“A previsibilidade é importante para nós. Isso dá mais segurança para a tomada de decisões”, afirmou Maluhy Filho sobre a gestão do risco para as provisões.
Apetite ao risco e rentabilidade
Sobre a melhora do guidance (projeção) para o crescimento da carteira de crédito de 2024, o CEO explicou que o motivo foi a variação cambial com a desvalorização do real diante de outras moedas, como o peso chileno e colombiano, em sua operação internacional.
No começo do ano, o Itaú esperava um crescimento da carteira entre 6,5% e 9,5% neste ano. Ontem depois do fechamento do mercado (4), alterou essa projeção para 9,5% e 12,5%.
“Com a desvalorização do real, vimos a necessidade de ajustar o guidance. O que era teto virou piso. Importante é que estamos crescendo a carteira, gerando valor, com rentabilidade, gerando capital para a organização e expandindo a base de capital”, avaliou Maluhy Filho.
Ele destacou que essa alteração não significa um maior apetite ao risco para 2025, pois os guidances para o ano que vem só serão divulgados em fevereiro, junto com o resultado do quarto trimestre.
O executivo apontou que a análise do cenário macroeconômico ainda depende de eventos como o resultado da eleição presidencial norte-americana e o esperado anúncio de medidas de cortes de despesas pelo governo federal.
Nas últimas semanas, preocupações com os gastos públicos e o cumprimento da meta fiscal “azedaram o ambiente de negócios, com o dólar comercial superando a marca de R$ 5,80. O mercado ainda aguarda a divulgação das medidas prometidas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
As ações do Itaú registram alta de 1,81%, cotadas a R$ 35,92, nesta terça-feira por volta das 12h45.
Analistas de instituições como Goldman Sachs e BTG Pactual destacaram, em relatórios, que o resultado do banco superou expectativas do consenso e mantiveram recomendação de compra para o papel. O BTG Pactual reafirmou ITUB4 como sua ação preferida no setor bancário brasileiro.
“Positivamente, a qualidade dos ativos melhorou em todos os segmentos, com os primeiros NPLs [indicadores de atrasos] também melhorando no trimestre, levando a provisões mais baixas no trimestre”, disseram analistas do Goldman Sachs, em relatório assinado pela equipe liderada por Tito Labarta.
“Acreditamos que o trimestre reafirma a capacidade do Itaú de atender às expectativas de guidance (incluindo empréstimos) com lucratividade bem acima dos pares do setor privado”, escreveram.
Para o quarto trimestre do Itaú, o consenso de estimativas de analistas compilada pela Bloomberg aponta um lucro líquido ajustado de R$ 10,776 bilhões e um ROE (retorno sobre patrimônio líquido) de 23,023%, números que são maiores do que os do terceiro trimestre (R$ 10,3 bilhões e ROE de 22,7%) reportados ontem.
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