Itaú: dividendo extraordinário de 2024 será maior do que o de 2023, afirma CEO

Milton Maluhy Filho diz a analistas que o banco não tem interesse em reter capital além do necessário: ‘estamos conseguindo crescer o banco com qualidade, criando valor e gerando capital’

Milton Maluhy Filho, chief executive officer Itau Unibanco SA, during the Bloomberg New Economy at the B20 in Sao Paulo, Brazil, on Wednesday, Oct. 23, 2024. Amid growing tension over trade barriers, environmental upheaval and global security, this special event will complement the annual Business 20 (B20) gathering by convening New Economy's exceptional community of leaders from the public and private sectors to tackle the most urgent challenges. Photographer: Tuane Fernandes/Bloomberg
05 de Novembro, 2024 | 01:25 PM

Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4) vai pagar um dividendo extraordinário de 2024 maior do que o de 2023, pois o banco não tem interesse em reter capital além do necessário, segundo disse o CEO Milton Maluhy Filho, em teleconferência com analistas nesta terça-feira (5).

O valor da distribuição deve ser divulgado no início de fevereiro de 2025, na data da divulgação do resultado do quarto trimestre, ainda não definida.

Em 2023, o Itaú teve lucro de R$ 35,6 bilhões e pagou R$ 11 bilhões em dividendo extraordinário.

Segundo o CEO, as incertezas regulatórias diminuíram neste ano, o que abre espaço para uma maior distribuição de dividendos para os acionistas, embora a definição do montante dependa ainda de uma maior clareza sobre as projeções e cenários do ano que vem.

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“No início do ano, eu anuncio um dividendo extraordinário maior que o declarado e pago em 2023. Podem esperar um dividendo de magnitude maior do que foi declarado e pago no ano passado”, afirmou o executivo.

No terceiro trimestre, o maior banco do país reportou um índice de capital de 13,7%, acima do piso de 11,5%. O CEO avaliou que o banco está confortável com esse nível de capital, que cresceu 0,6 ponto percentual nos últimos 12 meses.

“Estamos conseguindo crescer o banco com qualidade, criando valor e gerando capital. E esse capital tem sido mais que suficiente financiar a expansão das carteiras de crédito e das atividades do banco. Em relação ao ano anterior, temos hoje uma base de capital maior do que tínhamos e menos incertezas regulatórias”, disse.

Maluhy Filho fez referência à implementação da resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) nº 4.966 e da MP (Medida Provisória) nº 1.261. A primeira entra em vigor em janeiro de 2025 e fixa um novo modelo de mensuração de provisão para perdas esperadas associadas ao risco de crédito. Já a segunda diminui o total mensal de perdas que os bancos podem usar para diminuir seus impostos com créditos tributários.

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“Não esperamos impacto da Resolução nº 4.966 no patrimônio líquido, no índice de capital e na despesa de PDD [provisão para devedores duvidosos]. Não teremos impacto no índice de capital por causa da MP nº 1.261″, disse o CFO do Itaú, Gabriel Amado de Moura, ao explicar que o banco já trabalha com provisão para perdas esperadas.

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O CEO reforçou que a gestão de provisionamento adotada pelo banco é proativa, com o objetivo de deixar o balanço sem surpresas, o que leva a uma revisão constante dos eventos e casos de crédito, com a busca de um nível adequado de provisão principalmente para clientes corporativos.

“A previsibilidade é importante para nós. Isso dá mais segurança para a tomada de decisões”, afirmou Maluhy Filho sobre a gestão do risco para as provisões.

Apetite ao risco e rentabilidade

Sobre a melhora do guidance (projeção) para o crescimento da carteira de crédito de 2024, o CEO explicou que o motivo foi a variação cambial com a desvalorização do real diante de outras moedas, como o peso chileno e colombiano, em sua operação internacional.

No começo do ano, o Itaú esperava um crescimento da carteira entre 6,5% e 9,5% neste ano. Ontem depois do fechamento do mercado (4), alterou essa projeção para 9,5% e 12,5%.

“Com a desvalorização do real, vimos a necessidade de ajustar o guidance. O que era teto virou piso. Importante é que estamos crescendo a carteira, gerando valor, com rentabilidade, gerando capital para a organização e expandindo a base de capital”, avaliou Maluhy Filho.

Ele destacou que essa alteração não significa um maior apetite ao risco para 2025, pois os guidances para o ano que vem só serão divulgados em fevereiro, junto com o resultado do quarto trimestre.

O executivo apontou que a análise do cenário macroeconômico ainda depende de eventos como o resultado da eleição presidencial norte-americana e o esperado anúncio de medidas de cortes de despesas pelo governo federal.

Nas últimas semanas, preocupações com os gastos públicos e o cumprimento da meta fiscal “azedaram o ambiente de negócios, com o dólar comercial superando a marca de R$ 5,80. O mercado ainda aguarda a divulgação das medidas prometidas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

As ações do Itaú registram alta de 1,81%, cotadas a R$ 35,92, nesta terça-feira por volta das 12h45.

Analistas de instituições como Goldman Sachs e BTG Pactual destacaram, em relatórios, que o resultado do banco superou expectativas do consenso e mantiveram recomendação de compra para o papel. O BTG Pactual reafirmou ITUB4 como sua ação preferida no setor bancário brasileiro.

“Positivamente, a qualidade dos ativos melhorou em todos os segmentos, com os primeiros NPLs [indicadores de atrasos] também melhorando no trimestre, levando a provisões mais baixas no trimestre”, disseram analistas do Goldman Sachs, em relatório assinado pela equipe liderada por Tito Labarta.

“Acreditamos que o trimestre reafirma a capacidade do Itaú de atender às expectativas de guidance (incluindo empréstimos) com lucratividade bem acima dos pares do setor privado”, escreveram.

Para o quarto trimestre do Itaú, o consenso de estimativas de analistas compilada pela Bloomberg aponta um lucro líquido ajustado de R$ 10,776 bilhões e um ROE (retorno sobre patrimônio líquido) de 23,023%, números que são maiores do que os do terceiro trimestre (R$ 10,3 bilhões e ROE de 22,7%) reportados ontem.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.