Bloomberg — As inscrições - applications - para Universidade Harvard caíram cerca de 5% em relação ao anterior após um período tumultuado que incluiu a renúncia de sua presidente sob pressão interna e externa e uma derrota na Suprema Corte. A instituição de ensino informou que 54.008 estudantes buscaram admissão para a turma de calouros do próximo outono no hemisfério norte.
Isso marcou o segundo ano consecutivo de declínio nas inscrições de graduação em Harvard. Elas caíram de um patamar de 61.220 applications dois anos atrás, quando os números dispararam depois que as faculdades eliminaram os requisitos para testes padronizados para se ajustar à pandemia.
Não está claro o que motivou a queda nos números, que ainda mostram um interesse extraordinário em frequentar a faculdade mais antiga e rica dos Estados Unidos. A escola aceitou apenas 3,6% dos candidatos.
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Em contraste, a Universidade Yale relatou 57.465 candidatos, a maior quantidade em sua história e quase 10% a mais que no ano anterior. A Universidade Duke e o Dartmouth College também registraram aumentos semelhantes, e as inscrições na Universidade da Pensilvânia aumentaram mais de 9%, para 65.000, o maior número do grupo que foi relatado.
O cenário de admissões está sendo observado de perto depois que a Suprema Corte decidiu em junho passado contra Harvard e a Universidade da Carolina do Norte, na questão de que a raça não poderia ser um fator a ser levado em conta em admissões.
Algumas universidades também foram abaladas por alegações de antissemitismo após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, com Harvard e Penn enfrentando escrutínio particular de ex-alunos e legisladores por causa de algumas manifestações de apoio de estudantes aos ataques do grupo classificado como terrorista pelos Estados Unidos e a União Europeia.
Harvard divulgou dados em dezembro que mostraram uma queda de 17% nas inscrições para admissões antecipadas não vinculativas. Não estava claro por que os números caíram tão drasticamente, mas isso alimentou preocupações entre ex-alunos e doadores de que a reputação da escola estivesse sendo manchada.
As inscrições regulares para as aulas que começam no outono de 2024 venceram em 1º de janeiro. No dia seguinte, a presidente de Harvard, Claudine Gay, renunciou ao cargo depois de ser acusada de plágio e por seu testemunho amplamente criticado sobre antissemitismo na faculdade em uma audiência no Congresso em dezembro.
A presidente da Penn, Liz Magill, também renunciou após a audiência, na qual ambas deram respostas legais restritas sobre se pedir o genocídio dos judeus estava contra a política da escola.
Citando a decisão da Suprema Corte, Harvard disse que não acessará informações autodeclaradas sobre a raça e a etnia dos candidatos neste ano até que o processo de admissão termine. Mas a escola compartilhou outros fatos sobre a próxima turma, que começará a estudar no semestre de outono no campus em Cambridge, no estado de Massachusetts.
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Harvard admitiu 1.937 alunos para a turma, que será composta por cerca de 53% de mulheres e 47% de homens. A região do Meio-Atlântico respondeu pela maioria dos estudantes, com 20% do total. Isso representou uma queda em relação a cerca de 22% do ano anterior. Além disso, 21 veteranos militares foram admitidos.
“Além de outra forte base de candidatos, estamos encantados com a impressionante variedade de talentos e experiências vividas que a turma de 2028 trará consigo de todo os Estados Unidos e ao redor do mundo”, disse William Fitzsimmons, decano de admissões e ajuda financeira de Harvard, em um comunicado.
Estudantes cuja renda familiar anual é de US$ 85.000 ou menos receberão apoio financeiro integral. O custo total de frequência, incluindo mensalidades, moradia e alimentação e taxas, está programado para aumentar 4,3% para US$ 82.866 para o ano acadêmico de 2024-2025 para aquelas famílias que não recebem auxílio com base na necessidade. Cerca de um quarto dos alunos frequentam sem contribuição dos pais, disse a escola.
Harvard estima que gastará US$ 260 milhões em ajuda financeira para graduandos, um aumento em relação aos US$ 246 milhões do ano anterior.
O prazo para alunos e pais aceitarem a aprovação em Harvard é 1º de maio.
É difícil interpretar uma queda de 5% nas inscrições para Harvard, mesmo quando os pares viram grandes aumentos, disse David Rion, diretor de orientação universitária na Loomis Chaffee School, uma instituição de internato em Windsor, em Connecticut. Talvez alguns alunos judeus ou conservadores estejam evitando Harvard, ou Boston tenha tido um inverno ruim, disse ele.
“Eles são os protagonistas do mundo do ensino superior e isso ajudará às vezes e prejudicará às vezes”, disse Rion.
Michael Motto, ex-diretor assistente de admissões de graduação da Yale e orientador universitário particular em Nova York, disse que o clima em Harvard no outono fez com que alguns alunos judeus com quem ele trabalhou omitissem Harvard de suas listas.
“Tive alguns alunos que concentraram suas atenções em escolas que sentiam criar um ambiente mais confortável no campus”, disse Motto.
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