Bloomberg — As tarifas recíprocas de Donald Trump acentuaram a volatilidade nos mercados globais diante do aumento das incertezas e, também, da necessidade de reprecificação de ativos diante das novas expectativas.
Mas, no momento em que empresas suspenderam planos de emissão de ações e de títulos, a Berkshire Hathaway vendeu 90 bilhões de ienes (cerca de US$ 628 milhões) em títulos há duas semanas.
Essa foi menor emissão denominada em ienes já realizada pela holding de investimentos de Warren Buffett, em um mercado abalado pela escalada da guerra comercial.
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Todos os seis lotes da oferta da empresa de Buffett, com vencimentos variando de três a 30 anos, ofereceram prêmios maiores do que na venda anterior de títulos em ienes em outubro.
As notas de três anos, a maior parte da oferta, tiveram um spread de 70 pontos-base, em comparação com 49 pontos-base na venda anterior.
“De modo geral, mesmo que um emissor pague o spread máximo que pode oferecer, os investidores podem não conseguir comprar nas condições atuais do mercado”, disse Shunsuke Oshida, chefe de pesquisa de crédito da Manulife Investment Management Japan.
“Embora queiram aumentar sua exposição, eles preferem esperar que o mercado se acalme.”
A tabela a seguir mostra o aumento dos prêmios de rendimento para títulos de vencimentos comparáveis hoje em relação à oferta anterior em ienes, feita em outubro:
Vencimento | Spread em abril (pontos-base) | Spread em outubro |
---|---|---|
Títulos de três anos | 70 | 49 |
Títulos de cinco anos | 85 | 63 |
Títulos de sete anos | 95 | 73 |
Títulos de 10 anos | 105 | 82 |
Títulos de 30 anos | 120 | 96 |
A Berkshire avançou com a emissão em ienes mesmo enquanto a volatilidade do mercado levou várias empresas japonesas, incluindo a Suntory Holdings e a Nissin Foods Holdings, a cancelar suas vendas.
Buffett acessa o mercado de títulos corporativos japoneses desde 2019, e sua captação em ienes tem sido acompanhada de perto pelos investidores, pois suas compras de ações, incluindo de empresas comerciais, anteriormente impulsionaram o otimismo em relação ao mercado acionário japonês.
A empresa americana aumentou suas participações nas cinco maiores trading houses do Japão no mês passado, e a carta anual de Buffett aos acionistas em fevereiro sinalizou planos de continuar com essa estratégia.
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O bilionário escreveu na ocasião que as cinco empresas, incluindo a Mitsubishi Corp. e a Itochu Corp., “operam de maneira muito bem-sucedida de forma algo semelhante à própria Berkshire” e que, “com o passar dos anos, nossa admiração por essas companhias cresceu consistentemente”.
Seu entusiasmo pelas empresas japonesas chamou a atenção dos investidores globais e ajudou a atrair recursos do exterior e a impulsionar os índices Nikkei 225 e Topix a recordes históricos no ano passado.
Ambos os índices caíram mais de 10% neste ano, em meio a preocupações de que o aumento dos conflitos comerciais entre os Estados Unidos e a China — as duas maiores economias do mundo — desacelere o crescimento global.
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