Iguá arremata leilão de saneamento de Sergipe por R$ 4,5 bilhões, com ágio de 122%

Com a vitória, operação em Sergipe será a maior do grupo, que passará a atender 5 milhões de pessoas; Aegea, BRK Ambiental e Pátria também disputaram o projeto

Deso
04 de Setembro, 2024 | 05:02 PM

Bloomberg Línea — Em um leilão concorrido, a Iguá Saneamento arrematou, por R$ 4,5 bilhões, a concessão de água e esgoto do estado de Sergipe, em uma disputa promovida nesta quarta-feira (4) na sede da B3, em São Paulo. O valor corresponde a um ágio de 122% sobre a outorga mínima, de R$ 2 bilhões.

Outros três grupos participaram da disputa, conforme antecipou a reportagem da Bloomberg Línea. A Aegea deu um lance de R$ 3,6 bilhões; a BRK ofertou R$ 3,2 bilhões e, o Pátria Investimentos, R$ 2,7 bilhões.

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O projeto prevê a universalização dos serviços de água e esgoto para cerca de 2,3 milhões de pessoas em 74 municípios do estado de Sergipe. A modelagem abrange bloco único, e o investimento estimado ao longo do contrato, de 35 anos, é de aproximadamente R$ 6,3 bilhões.

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A estruturação do projeto foi feita pelo BNDES. A companhia estatal de saneamento do estado, a Deso, continuará responsável pelo suprimento de água bruta e tratamento do insumo. Também fornecerá água para os clientes industriais e comerciais.

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Segundo o presidente da Iguá, Roberto Barbuti, a conquista representa um passo relevante para o grupo.

“São 35 anos [de contrato], para nós representa um passo muito importante, será nossa concessão com o maior número de pessoas atendidas”, afirmou o executivo após o certame.

A Iguá, que tem como um de seus acionistas o Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investments), possui atualmente 16 operações, sendo 14 concessões e duas parcerias público-privadas (PPPs) em 27 municípios distribuídos por seis estados, totalizando cerca de 3 milhões de pessoas.

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Com a operação de Sergipe, a companhia atinge 5 milhões de pessoas atendidas.

“Com essa conquista, a Iguá se coloca como protagonista do setor. O projeto foi bem estruturado e passou confiança aos nossos acionistas e financiadores, foram quase dois anos de análises”, destacou Barbuti.

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Segundo o executivo, os recursos para o projeto virão de uma combinação de aumento de capital dos acionistas e financiamento, que já está acertado para a outorga.

Na avaliação do consultor e coordenador econômico do consórcio estruturador do projeto, Ewerton Henriques, o resultado do leilão veio dentro do esperado. “O resultado demonstrou o interesse do mercado pelo setor de saneamento, que tem ativos de qualidade que ainda vão a mercado nos próximos meses.”

Para o diretor da Ikigai Consultoria e especialista em saneamento e gestão da água, Percy Soares Neto, o resultado do certame representa uma vitória para o setor. “Isso abre um novo ciclo de projetos de saneamento, é um farol importante para os estados que não se mexeram. Ainda há uma grande oportunidade no setor”, avalia.

Leilões à frente

De acordo com a superintendente de infraestrutura do BNDES, Luciene Machado, a instituição ainda tem um conjunto importante de projetos de saneamento à frente.

“Sabíamos que Sergipe tinha a modelagem mais avançada, mas temos ainda outros três projetos bastante maduros para serem levados para consulta pública”, disse a executiva em entrevista à Bloomberg Línea.

Segundo Machado, os projetos de saneamento mais avançados são dos estados do Pará, Pernambuco e Rondônia. Ela acrescenta que o projeto do Pará deve abrir consulta pública ainda no mês de setembro.

“São estados mais amplos do que Sergipe, com um conjunto de investimentos muito maior a ser feito. Precisamos que os leilões tenham proponentes que se engajem e façam boas propostas”, destacou.

Sobre novos projetos, Barbuti disse que a Iguá tem estudado todas as concessões relevantes. “A companhia tem uma diretriz estratégica de estar presente em áreas que tenham, no mínimo, 200.000 habitantes. Nos últimos processos que aconteceram, a empresa participou de basicamente todos”, disse o executivo.

Ele acrescenta, porém, que a companhia será “seletiva” na escolha dos ativos. “Temos um rigor muito grande na nossa estratégia de investimento”, afirmou.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.