Bloomberg — Quando assumiu o cargo, há um ano, Fabricio Bloisi, CEO da Prosus, recebeu a incumbência de encontrar um novo crescimento e uma estratégia coesa para a empresa, uma miscelânea de investimentos em mais de 100 negócios espalhados pelos cinco continentes.
Bloisi aposta que o acordo de US$ 4,3 bilhões para comprar a empresa holandesa de entrega de alimentos Just Eat pode dar início à sacudida que, segundo ele, o setor de tecnologia europeu precisa e colocar a Prosus no caminho certo para criar superaplicativos que abranjam serviços sob demanda para criar experiências de estilo de vida.
“A Europa tem pouquíssimas grandes empresas de tecnologia - as grandes empresas de entrega de alimentos são avaliadas em cerca de US$ 4 ou US$ 5 bilhões - enquanto uma empresa semelhante nos Estados Unidos é avaliada em US$ 80 bilhões, ou na China em US$ 120 bilhões”, disse Bloisi em uma entrevista à Bloomberg News neste mês.
“Isso se refere à entrega de alimentos, mas é o mesmo para mensagens, comércio eletrônico ou pagamentos - a Europa carece de uma empresa de tecnologia compatível com seu tamanho”, disse.
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Aos 47 anos, ele assumiu o cargo em julho e está motivado para encontrar uma nova e grande fonte de crescimento. Bloisi deverá receber um bônus de US$ 100 milhões, se conseguir dobrar a avaliação da empresa até 30 de junho de 2028.
O Just Eat, seu maior negócio até o momento, fará da Prosus a quarta maior empresa de entrega de alimentos do mundo em valor bruto de transações. A empresa também possui o iFood e participações na Meituan, da China, na Swiggy, da Índia e na Delivery Hero, da Alemanha.
A Prosus é controlada pela Naspers, uma editora sul-africana formada em 1915 que se transformou em investidora global com uma aposta precoce e presciente na Tencent da China em 2001.
Essa participação agora vale US$ 136 bilhões. A Naspers formou a Prosus, que está listada em Amsterdã, principalmente como um veículo de investimento.
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O acordo com a Just Eat também pode levar o setor de entregas fragmentado e em dificuldades da Europa a se consolidar.
A DoorDash, que controla dois terços do mercado de entrega de restaurantes nos EUA, ofereceu-se para comprar a Deliveroo, sediada no Reino Unido, por cerca de US$ 3,6 bilhões, informaram as empresas na sexta-feira (25).
A Deliveroo, como muitas de suas rivais na Europa, teve dificuldades para manter o crescimento após um aumento inicial durante os bloqueios da Covid-19. A empresa planejava sair do mercado de Hong Kong, onde foi superada por uma rival maior, a Meituan.
Anteriormente, Bloisi transformou o iFood, uma operação de 20 pessoas, na maior empresa de entregas on-line do Brasil. Seu plano atual é inspirar sua empresa na Meituan, que oferece aos clientes uma ampla gama de serviços, incluindo entrega de alimentos sob demanda, viagens e entretenimento.
Desde que dirigiu a Prosus, Bloisi também adquiriu a agência de viagens on-line Decolar por US$ 1,7 bilhão. A ideia é aproveitar os aplicativos de entrega de alimentos para outros serviços.
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A empresa está começando com o iFood, que faz cerca de 120 milhões de entregas por mês. O CEO da divisão, Diego Barreto, disse que a empresa planeja integrar o aplicativo com a agência de viagens on-line Decolar e a empresa de emissão de bilhetes Sympla, outra propriedade da Prosus.
“Se um cliente está pedindo comida em um local diferente de onde mora, há uma grande probabilidade de que ele esteja viajando e que busque uma experiência”, disse Bloisi.
Ele também planeja construir um hub de inteligência artificial em Amsterdã, que processará os dados por meio de modelos de IA, para integrar os negócios de entrega de alimentos, pagamentos, viagens e comércio eletrônico da empresa em seus mercados europeus separados - semelhante ao que está fazendo na Índia e na América Latina.
O grupo emprega cerca de 1.000 engenheiros no Brasil e na Índia e quer contratar o mesmo número na Europa.
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