Estratégia da Hyundai para voltar a crescer passa por produção flexível de híbridos

A terceira maior montadora do mundo também alertou para as ameaças de tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, e um cenário político doméstico turbulento, que prejudicaram as perspectivas de vendas

A Hyundai divulgou um lucro operacional de 2,8 trilhões de wons (US$ 1,9 bilhão) para os três meses encerrados em 31 de dezembro, uma queda de 17% em relação ao ano anterior
Por Heejin Kim
23 de Janeiro, 2025 | 07:38 AM

Bloomberg — A Hyundai alertou sobre a desaceleração do crescimento, já que as ameaças de tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, e um cenário político doméstico turbulento prejudicaram as perspectivas de vendas da montadora sul-coreana.

A empresa pretende vender 4,17 milhões de carros este ano, apenas 0,1% a mais do que em 2024, já que uma série de incertezas globais pesa sobre a demanda, disse a Hyundai na quinta-feira. A terceira maior montadora do mundo, que registrou um crescimento de 7,7% nas vendas do ano inteiro no ano passado, estabeleceu uma meta de 3% a 4% para 2025.

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A perspectiva moderada ocorre após um último trimestre misto. A Hyundai divulgou um lucro operacional de 2,8 trilhões de wons (US$ 1,9 bilhão) para os três meses encerrados em 31 de dezembro, uma queda de 17% em relação ao ano anterior e não atingindo os 3,4 trilhões de wons estimados pelos analistas.

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As vendas aumentaram 12% no período, ajudando a elevar a receita anual a um nível recorde.

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O alerta da Hyundai destaca as incertezas que as montadoras globais enfrentarão em 2025. No topo da lista de riscos está Trump, que considera revogar subsídios e outras políticas que favorecem a compra de veículos elétricos. Isso seria um duro golpe para a empresa, que, juntamente com sua afiliada Kia, é a segunda marca de veículos elétricos mais popular nos EUA - atrás apenas da Tesla.

  (Fonte: Bloomberg)

A Hyundai, que possui fábricas no Alabama e na Geórgia, espera poder minimizar o impacto das ameaças de Trump de impor tarifas sobre as importações de produtos estrangeiros ao aumentar a produção nos EUA, disseram os executivos durante uma chamada de resultados.

Levará algum tempo para que Trump cancele ou reduza os subsídios e créditos fiscais para VEs da Lei de Redução da Inflação do ex-presidente Joe Biden, já que as mudanças precisam ser aprovadas pelo Congresso, o que significa que a lei pode ser mantida até o final de 2025, disse a montadora.

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Com a desaceleração da demanda por VEs, a Hyundai tem como meta um aumento de 30% nas vendas globais de veículos híbridos. Sua fábrica na Geórgia, que originalmente deveria produzir carros elétricos, está pronta para produzir híbridos e até veículos movidos a gasolina, a depender da demanda, disse Zayong Koo, chefe de relações com investidores.

“Decidimos ter um plano flexível”, disse ele, ao citar a transição mais lenta do que o esperado do mercado de massa para os veículos elétricos.

A Hyundai não tem fábricas no México e no Canadá. Isso significa que ela está mais bem posicionada para lidar com a imposição de tarifas universais por Trump sobre produtos estrangeiros do que rivais como a Honda e a Toyota que têm instalações nesses países, disse o diretor financeiro Lee Seung Jo.

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"Não somos apenas nós que seremos afetados pelas possíveis tarifas", disse ele. "Estamos calculando os possíveis impactos em nossos cenários, já que as tarifas universais podem ser impostas já em abril."

Além dos EUA, a Hyundai também enfrenta possíveis ventos contrários da Europa, onde as vendas de automóveis estão estagnadas devido à inflação persistente, custos de empréstimos mais altos e apatia em relação aos modelos elétricos.

Para 2025, a Hyundai espera uma queda de 1,1% nas vendas na região, em comparação com o crescimento de 0,8% na América do Norte e cerca de 4% na Ásia-Pacífico.

Em casa, a empresa sediada em Seul enfrenta mercados financeiros voláteis e um won mais fraco após a malfadada declaração de lei marcial do presidente Yoon Suk Yeol no final do ano passado. A moeda enfraqueceu cerca de 12% em relação ao dólar no quarto trimestre, o que, segundo a empresa, causou cerca de 770 bilhões de wons em custos de garantia e reduziu o lucro operacional.

A Hyundai disse que planeja um investimento total de 16,9 trilhões de wons este ano, acima dos 14,6 trilhões de wons em 2024. A empresa também tem como meta uma margem operacional de 7% a 8% para o ano.

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