Bloomberg — O HSBC concordou em vender sua operação na Argentina e terá um gasto de US$ 1 bilhão no primeiro trimestre com a decisão, à medida que o banco direciona seu foco para os mercados asiáticos.
O banco venderá as operações para o Grupo Financiero Galicia por US$ 550 milhões, sujeitos a alguns ajustes de preço, de acordo com um comunicado divulgado nesta terça-feira (9).
O acordo inclui todos os negócios do HSBC Argentina, que vão desde serviços bancários até gestão de ativos e seguros, bem como US$ 100 milhões de dívida subordinada.
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A mudança “nos permite concentrar nossos recursos em oportunidades de maior valor em toda a nossa rede internacional”, disse o CEO Noel Quinn no comunicado.
A unidade argentina tem uma “conectividade limitada” com o restante dos negócios e cria “substancial volatilidade nos lucros do grupo quando seus resultados são convertidos em dólares”, disse ele.
O HSBC Argentina, que possui mais de 100 agências, 3.100 funcionários e cerca de um milhão de clientes, obteve um lucro antes dos impostos de US$ 239 milhões em 2023.
O banco disse em fevereiro que a desvalorização do peso argentino em mais de 50% pelo presidente Javier Milei reduziu o lucro líquido do banco em US$ 548 milhões no quarto trimestre.
O HSBC afirmou que terá cerca de US$ 4,9 bilhões de perdas históricas de reservas de conversão de moeda estrangeira quando o acordo for concluído.
Isso reflete perdas acumuladas ao longo dos anos de conversão do valor contábil da unidade em pesos argentinos para dólares, que já estão refletidas na taxa CET1 do banco, uma medida-chave da força de capital.
O impacto da transação será excluído do cálculo de pagamento de dividendos do HSBC, que permanece em 50% para 2024. Espera-se que a venda seja concluída nos próximos 12 meses.
Foco na Ásia
O HSBC, sediado em Londres, tem vendido operações em todo o mundo à medida que se concentra mais na Ásia.
O banco saiu de alguns negócios na América do Norte e na França, enquanto expande sua presença na Índia, Singapura e China.
O gigante financeiro tenta há vários anos uma estratégia de direcionar cada vez mais seus negócios para os mercados de rápido crescimento da Ásia, nos quais o banco obtém a maior parte de seus lucros.
O Royal Bank of Canada concluiu a compra da unidade canadense do HSBC em março. O HSBC disse que terá um ganho estimado na venda de US$ 4,9 bilhões no primeiro trimestre e declarará um dividendo especial de cerca de US$ 4 bilhões como resultado.
O banco também está explorando a venda de vários negócios na Alemanha, incluindo suas unidades de gestão de patrimônio, custódia e administração de fundos, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News no início deste mês.
As vendas de negócios em mercados como esses têm sido equilibradas por aquisições de ativos de seguros e gestão de patrimônio na Ásia, uma região com um número crescente de pessoas ricas.
Segundo Tomasz Noetzel, analista da Bloomberg Intelligence, a perda antes de impostos esperada de US$ 1 bilhão do HSBC na venda de sua unidade argentina equivale a cerca de 3% do lucro líquido consensual de 2024 e deve ter um impacto limitado em seu CET1 (capacidade de pagamento de dividendos e recompras de ações planejadas).
“A hiperinflação tem sido um obstáculo para as operações na Argentina, como visto em um impacto no lucro antes de impostos de US$ 500 milhões no quarto trimestre, e a venda também estará alinhada com o plano do banco de fortalecer seu foco na Ásia”, avalia Noetzel.
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