Honda e Nissan se unem em veículos elétricos para enfrentar concorrentes chineses

Fabricantes japonesas têm enfrentado forte concorrência na China de novas empresas locais, forçando-as a reduzir a produção e a equipe

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Bloomberg — A Honda e a Nissan estão se unindo para desenvolver tecnologia para carros elétricos, buscando acompanhar seus concorrentes chineses na rápida mudança para a energia limpa.

As montadoras colaborarão na tecnologia central para veículos elétricos com base em bateria, incluindo software, conforme anunciado em comunicado nesta sexta-feira (15). Um memorando de entendimento para a parceria estratégica foi assinado.

As fabricantes japonesas têm enfrentado forte concorrência na China de novas empresas locais, forçando-as a reduzir a produção e a equipe ou, no caso da Mitsubishi, a sair do mercado completamente.

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Enquanto as vendas caem, a Honda e a Nissan estão planejando reduzir a capacidade de produção no maior mercado automotivo do mundo, enquanto a BYD, da China, revelou planos neste mês para lançar novos modelos e expandir sua rede de concessionárias no Japão.

As montadoras decidirão se irão eventualmente formar uma joint venture e em quais regiões colaborarão, disse o presidente da Honda, Toshihiro Mibe, em uma coletiva de imprensa para anunciar a parceria.

As empresas iniciaram as discussões em meados de janeiro, em meio a um ambiente empresarial em constante mudança. “Novos players estão surgindo no mercado e percebemos que as empresas que não conseguirem lidar com eles não sobreviverão”, disse Mibe, mencionando as diferentes culturas corporativas da Nissan e Honda como um desafio a ser superado.

A Honda, segunda maior montadora do Japão, pretende até 2040 vender apenas carros eletrificados e alcançar neutralidade de carbono até 2050. A Nissan também estabeleceu como objetivo se tornar neutra em carbono ao longo do ciclo de vida de seus produtos até o ano fiscal de 2050.

As duas empresas ainda não discutiram qualquer aliança de capital, disseram elas nesta sexta-feira.

O acordo é vantajoso porque “ambas as partes estão com problemas”, disse Seiji Sugiura, analista sênior da Tokai Tokyo Intelligence Laboratory. Se eles colaborarem em baterias, isso “economizará muito em custos”, disse ele. “É interessante pensar nas várias empreitadas que a dupla fará no futuro como uma força contra a Toyota”, acrescentou Sugiura.

Depois que a BYD ultrapassou a Tesla de Elon Musk no ano passado como a maior fabricante de carros elétricos do mundo, as marcas tradicionais estão sob pressão para se igualarem.

A Honda abandonou no ano passado os planos de desenvolver carros elétricos de baixo custo com a General Motors. As duas montadoras também provavelmente vão atrasar a implantação de táxis autônomos no centro de Tóquio, após a unidade Cruise da GM suspender toda sua frota nos EUA depois que sua licença na Califórnia foi suspensa.

“Percebemos que não temos muito tempo para agir em meio a um ambiente em rápida mudança”, disse o CEO da Nissan, Makoto Uchida, acrescentando que a aliança da empresa com a Renault e a Mitsubishi Motors continuará inalterada.

-- Com a colaboração de Tsuyoshi Inajima.

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