Como a Hermès supera - de novo - projeções e desafia desaceleração no luxo

As longas listas de espera para adquirir seus produtos, incluindo a cobiçada bolsa Birkin, contribuiu para a resiliência da empresa na contramão de pares

Os resultados das empresas de luxo indica que os consumidores cortaram gastos em praticamente todo o mundo (Foto: Qilai Shen/Bloomberg)
Por Angelina Rascouet
29 de Julho, 2024 | 09:06 AM

Bloomberg — As vendas da Hermès aumentaram no segundo trimestre, uma vez que a fabricante da bolsa Birkin resistiu à desaceleração da demanda de luxo melhor do que seus pares, graças à sua base de clientes mais ricos.

A receita a taxas de câmbio constantes aumentou 13,3%, informou a Hermès International na quinta-feira (25), acima das expectativas dos analistas.

O lucro operacional recorrente do primeiro semestre foi de 3,15 bilhões de euros, ligeiramente inferior às estimativas. Todas as regiões cresceram dois dígitos, com exceção da China.

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Os resultados da empresa tendem a ser menos voláteis do que os de outras marcas de luxo, porque ela desfruta de um forte poder de precificação e de longas listas de espera para seus produtos mais cobiçados, como as bolsas Kelly e Birkin, que custam a partir de US$ 10.000.

Segundo Carole Madjo, analista do Barclays, a Hermès conseguiu apresentar um desempenho resiliente e divulgou projeções otimistas sobre o trimestre atual.

Em teleconferência com analistas, o CEO Axel Dumas disse que a Hermès não viu uma mudança nas tendências até agora neste trimestre.

A empresa passa por uma demanda mais branda por seus produtos mais acessíveis, como lenços de seda, refletindo uma redução nos gastos dos clientes “aspiracionais”, explicou Dumas.

No entanto, as duas maiores unidades da Hermès, de artigos de couro e acessórios, registraram taxas de crescimento de dois dígitos.

Dumas também disse que os Jogos Olímpicos normalmente não favorecem os negócios nas cidades-sede. Ele espera, contudo, que a Riviera Francesa compense a perda de tráfego em suas lojas parisienses neste trimestre.

Os resultados da Hermès seguem os desempenhos abaixo do esperado da LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, dona da Christian Dior e da Tiffany, e da Kering, que enfrenta um cenário mais desafiador na Gucci, sua maior marca.

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De forma geral, os balanços do segundo trimestre têm mostrado que os consumidores mais ricos cortaram gastos em grande parte do mundo, com exceção do Japão, onde os viajantes estrangeiros da China e de outros países aproveitam o iene mais fraco para comprar produtos de alta qualidade.

Embora o Japão tenha apresentado um bom desempenho para a Hermès no último trimestre, Dumas explicou que isso foi liderado principalmente por clientes locais.

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