Greve de montadoras entra na 3ª semana nos EUA e Ford critica pauta de sindicato

CEO da montadora diz que sindicato quer negociar temas do futuro, como políticas para fábricas de baterias que ainda não existem

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Bloomberg — O CEO da Ford (F), Jim Farley, acusou o sindicato de trabalhadores da indústria automotiva dos EUA, o UAW (United Auto Workers), de manter as negociações sobre questões não regidas pelo contrato.

As tensões aumentam entre o sindicato e dois dos maiores fabricantes de automóveis de Detroit. A greve entra em sua terceira semana, com as atuais negociações girando em torno de algo mais existencial entre o sindicato e seus maiores empregadores: o destino dos trabalhadores em um futuro elétrico.

Embora as questões econômicas ainda permaneçam, o sindicato quer um plano para os funcionários de fábricas de baterias que ainda não existem, e garantias para aqueles que produzem motores, transmissões e outras peças que podem um dia se tornar obsoletas. Isso aumenta as tensões, apesar dos progressos em outras áreas.

“É realmente frustrante acreditar que poderíamos ter chegado a um acordo salarial e de benefícios, mas até agora, a UAW está segurando o acordo quanto às fábricas de baterias”, disse Farley em uma transmissão pela internet. “Lembre-se que essas fábricas de baterias ainda não existem.”

Em resposta, o presidente da UAW, Shawn Fain, disse que o sindicato continua em greve por salário, segurança no emprego e questões de aposentadoria.

“Eu não sei por que Jim Farley está mentindo sobre o estado das negociações”, contra-argumentou Fain em um comunicado. “Pode ser porque ele deixou de aparecer para negociar esta semana, como tem ocorrido na maior parte das últimas dez semanas. Se ele estivesse lá, saberia que apresentamos uma proposta abrangente à Ford na segunda-feira e ainda não tivemos resposta.”

O sindicato continua em greve em uma fábrica da Stellantis em Toledo e seus centros de distribuição que fornecem peças de reposição para os concessionários. Na sexta-feira, expandiu a greve para duas fábricas adicionais da General Motors e Ford, mas poupou a fabricante do Jeep, Stellantis, de mais paralisações depois do que chamou de avanço de última hora.

O sindicato vê parcerias em joint ventures de baterias como uma forma de contornar o contrato de trabalho principal. Farley destacou que somente uma fábrica - uma instalação de bateria planejada em Michigan - é de propriedade da Ford. As outras são sociedades com parceiros de bateria asiáticos. O mesmo vale para a GM, cujas plantas da Ultium são de propriedade conjunta com a LG Energy Solution da Coreia do Sul.

Já que essas joint ventures não têm um único dono, eles teriam que conquistar o apoio majoritário dos trabalhadores, como aconteceu numa votação em uma fábrica da Ultium em Lordstown, Ohio.

Os alvos recentes são uma fábrica da Ford em Chicago, que produz o veículo utilitário esportivo Explorer, e uma fábrica da GM em Lansing, Michigan, que fabrica o Chevrolet Traverse, disse Fain na sexta-feira.

O sindicato também planejava entrar em greve na Stellantis, de acordo com autoridades a par da situação, mas mudou de curso antes do anúncio de Fain na sexta-feira de manhã, que foi adiado devido às negociações. O líder do sindicato elogiou a Stellantis por avançar nas conversas.

“Nós estamos empolgados com esse impulso na Stellantis e esperamos que continue”, disse Fain em um briefing transmitido ao vivo. “Momentos antes dessa transmissão, a Stellantis fez um progresso significativo”.

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