Goldman lidera megavenda de portos de US$ 19 bi para consórcio da BlackRock

Gigante de Wall Street é atualmente o único banco de investimento que trabalha na operação, segundo fontes da Bloomberg News; transação foi elaborada em duas semanas

Porto de Balboa, no Panamá
Por Manuel Baigorri - Dong Cao - Dinesh Nair
05 de Março, 2025 | 10:33 AM

Bloomberg — Um dos maiores negócios de infraestrutura dos últimos anos tem um vencedor claro em Wall Street: o Goldman Sachs.

O Goldman (GS) é atualmente o único banco de investimentos que trabalha na venda dos portos da CK Hutchison Holdings para um consórcio liderado pela BlackRock, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

PUBLICIDADE

A transação - com recursos de US$ 19 bilhões - inclui dois portos em ambos os lados do Canal do Panamá, que Donald Trump há muito tempo deseja ter nas mãos dos Estados Unidos.

Um pequeno grupo de banqueiros do Goldman, de Hong Kong a Nova York, liderado pelos executivos seniores John Waldron e Raghav Maliah, elaborou a transação em apenas duas semanas.

Eles agiram rapidamente para evitar qualquer vazamento, entrando em contato com vários possíveis pretendentes, incluindo participantes do setor e empresas focadas em infraestrutura, disseram as pessoas.

PUBLICIDADE

A Blackstone e a KKR também consideraram propostas.

Leia também: Infraestrutura deve continuar a se destacar em M&As, apontam bancos e escritórios

Embora outros bancos de investimento tenham ficado de fora, o ex-CEO do Citigroup, Mike Corbat, que é o presidente do conselho de administração do Citigroup, também foi considerado.

PUBLICIDADE

Mike Corbat, ex-diretor executivo do Citigroup, que fundou a empresa de consultoria Teton Advisors, também assessorou a CK Hutchison no negócio, disseram as pessoas.

O consórcio da BlackRock não está usando consultores financeiros por enquanto, mas os bancos estão tentando conseguir papéis de consultoria e financiamento com o grupo, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas ao discutir informações privadas.

Dados compilados pela Bloomberg mostram que o Goldman tem sido historicamente o principal consultor da CK Hutchison, fundada pelo bilionário Li Ka-shing. Uma das empresas mais proeminentes de Hong Kong, a CK Hutchison é negociada localmente sob o código 1.HK.

PUBLICIDADE

Assim que o consórcio BlackRock demonstrou interesse nos ativos portuários, que incluem os dois no Panamá e mais de 40 outros em todo o mundo, houve uma corrida para assinar um memorando de entendimento e apresentá-lo à bolsa de valores de Hong Kong antes do discurso de Trump ao Congresso em Washington, D.C., disseram as pessoas.

Em um comunicado anunciando a transação, Frank Sixt, codiretor administrativo da CK Hutchison, disse que o negócio foi resultado de um processo "rápido, discreto, mas competitivo" - e não teve relação com a política e as reportagens sobre os portos do Canal do Panamá.

Corbat e um representante do Goldman não quiseram comentar. A CK Hutchison encaminhou as perguntas à sua declaração. A BlackRock não respondeu aos pedidos de comentários.

O papel em um negócio de tão alto nível é um impulso para o Goldman, que já lidera o ranking global de fusões e aquisições este ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os investidores da CK Hutchison também receberam um impulso. As ações da empresa saltaram 22% em Hong Kong nesta quarta-feira (5). Esse é o maior ganho em um dia desde 1998, um ano antes de os EUA darem ao governo do Panamá o controle do Canal do Panamá.

-- Com a colaboração de Shirley Zhao e Pei Li.

Leia também

Brookfield busca levantar US$ 7 bi para novo fundo de infraestrutura, dizem fontes

Aposta de US$ 1,3 bi, porto chinês na América do Sul enfrenta gargalos estruturais