Goldman e Morgan Stanley pedem garantia à Unigel para evitar perdas com derivativos

Bancos americanos possuem cerca de US$ 40 bilhões em derivativos cambiais vendidos para a empresa química, que enfrenta dificuldades financeiras

Morgan Stanley tenta evitar perdas com derivativos com a empresa química Unigel (Foto: Victor J. Blue/Bloomberg)
Por Cristiane Lucchesi
27 de Julho, 2023 | 03:58 PM

Bloomberg — O Goldman Sachs (GS) e o Morgan Stanley (MS) pediram mais garantias à empresa química brasileira Unigel tentando evitar mais perdas com derivativos no Brasil, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

Os dois bancos detêm uma posição conjunta de aproximadamente US$ 40 milhões em derivativos cambiais vendidos para a Unigel, com o Morgan Stanley detendo a maior fatia, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas discutindo assuntos que não são públicos. A fabricante de produtos químicos até agora não aceitou a demanda pelas garantias adicionais, de acordo com as pessoas.

Morgan Stanley e Goldman Sachs também são credores da Atento, operadora de call center com sede em São Paulo que recentemente reestruturou sua dívida, segundo as pessoas.

A Atento não pagou os derivativos no prazo e, em vez disso, emitiu US$ 40 milhões em notas lastreadas em recebíveis com vencimento em dois anos com um componente de pagamento em espécie, de acordo com a Fitch Ratings.

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Goldman Sachs, JPMorgan e Bank of America também são credores da Americanas, varejista que entrou em recuperação judicial em janeiro após revelar ao mercado um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço. Os três bancos têm posições de swap com a Americanas de mais de R$ 1,8 bilhão, segundo a empresa varejista.

Os pedidos de falência na maior economia da América Latina aumentaram 50% neste ano até maio, e o temor é que a Unigel esteja caminhando para uma reestruturação da dívida, disseram as pessoas.

A empresa, em negociações com detentores de títulos, está prestes a desrespeitar uma cláusula restritiva de endividamento presente em suas debêntures depois que as altas taxas de juros domésticas e os preços mais baixos de fertilizantes globalmente corroeram os lucros e dispararam seu índice de alavancagem.

A Unigel suspendeu temporariamente as operações em duas fábricas de fertilizantes que arrendou da Petrobras no Nordeste enquanto tenta reduzir o quanto paga à produtora estatal de petróleo pelo gás natural que usa como matéria-prima.

Representantes do Goldman Sachs, Morgan Stanley, Unigel e Atento não quiseram comentar.

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