Gol tem aval nos EUA para acessar US$ 950 milhões, mas juiz alerta sobre custo

Juiz Martin Glenn alertou para custo de financiamento: ‘não vou assinar um cheque em branco para todos os advogados e profissionais que se beneficiam de um empréstimo DIP muito caro’

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Bloomberg — A companhia aérea Gol (GOLL4) obteve a aprovação na justiça para começar a acessar um empréstimo de US$ 950 milhões em meio ao seu processo de recuperação judicial, na esfera do Chapter 11 da lei de falências dos Estados Unidos. No entanto o juiz responsável pelo caso expressou preocupação com o custo do financiamento.

O juiz Martin Glenn afirmou durante uma audiência em Nova York na segunda-feira (29) que permitiria à Gol começar a utilizar o empréstimo do Chapter 11, mas exigiu que a empresa e seus credores incluíssem disposições destinadas a controlar os honorários legais relacionados à reestruturação.

A companhia aérea, sediada em São Paulo, afirmou que precisava de acesso imediato a novos recursos e que a falta do empréstimo poderia ameaçar seu negócio.

Os advogados da Gol afirmaram durante a audiência que cerca de um quarto dos US$ 950 milhões de financiamento poderiam ser absorvidos por várias taxas bancárias e custos relacionados. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial na semana passada e busca reestruturar sua dívida.

O juiz Glenn afirmou que o chamado financiamento do devedor em posse (DIP, em inglês) é “incrivelmente caro” e exigiu que a Gol e seus credores incluíssem disposições que permitissem a seu tribunal, à agência de controle de falências do Departamento de Justiça ou aos credores uma revisão significativa das taxas profissionais que seriam pagas com o empréstimo.

“Não vou assinar um cheque em branco para todos os advogados e profissionais que se beneficiam de um empréstimo DIP muito caro”, disse o juiz Glenn.

Os advogados da Gol e seus credores destacaram que incluiriam o processo de revisão solicitado pelo juiz Glenn e que as condições do financiamento foram concretizadas mais rapidamente do que o esperado devido à divulgação da notícia da insolvência da empresa na mídia.

O advogado especializado em falências da Gol, Evan Fleck, afirmou que a companhia aérea é uma das maiores empresas de baixo custo da América do Sul, mas uma série de eventos negativos obrigou a empresa a se reestruturar sob o Chapter 11.

A companhia aérea ainda está lidando com passivos financeiros resultantes da significativa queda nas viagens durante a pandemia de covid-19 e das altas taxas de juros no Brasil, que ultrapassaram 13% e dificultaram o refinanciamento da dívida, segundo Fleck.

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