Gol pede proteção contra credores no Chapter 11 da Justiça dos EUA

Companhia aérea informou na tarde desta quinta-feira (25) que o pedido que equivale à recuperação judicial no Brasil foi protocolado no Tribunal de Falências no Distrito Sul de Nova York

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Bloomberg Línea — A Gol (GOLL4) anunciou na tarde desta quinta-feira (25) que a empresa e suas subsidiárias entraram voluntariamente com pedido de Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial no Brasil) no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.

A empresa informou que o processo tem compromisso de financiamento de US$ 950 milhões de membros do grupo de credores da Abra, holding controladora da Gol e da Avianca, na modalidade “debtor in possession” (DIP). O financiamento está sujeito à aprovação judicial.

“A companhia buscará acesso a esse financiamento como parte da audiência do primeiro dia com o tribunal dos EUA, prevista para os próximos dias”, disse a empresa.

“O financiamento está sujeito à aprovação judicial e, juntamente com o caixa gerado pelas operações em curso, fornecerá liquidez substancial para apoiar as operações, que seguem normalmente, durante o processo de reestruturação financeira”, acrescentou.

A informação de que a Gol pretendia entrar com o pedido no Chapter 11 foi antecipada pela Bloomberg News na noite de quarta-feira (24); anteriormente, no dia 10 de janeiro, a notícia de que o grupo Abra discutia a reestruturação de sua dívida com credores também foi antecipada.

O Chapter 11 é um mecanismo da lei americana que permite às empresas levantar capital, reestruturar as finanças e manter as operações funcionando normalmente. A rival Latam entrou com proteção contra credores pelo Chapter 11 em 2020, com o processo sendo concluído com êxito em 2022.

A Gol informou que utilizará o Chapter 11 para reestruturar suas obrigações financeiras de curto prazo e fortalecer sua estrutura de capital para ter sustentabilidade no longo prazo. “A companhia espera sair desse processo com um investimento significativo de capital, incluindo os novos US$ 950 milhões em financiamento DIP, posicionando-a para expandir sua posição como líder na América Latina”, disse.

Ao mesmo tempo em que busca reestruturação das dívidas com credores financeiros, a Gol tenta negociar com a empresas de leasing.

Ao final do terceiro trimestre de 2023, a Gol reportou dívida bruta de R$ 19,5 bilhões (sem contar bônus perpétuos), dos quais 11,1% de curto prazo. A dívida líquida era de R$ 18,5 bilhões. Com isso, a alavancagem medida pela relação dívida líquida ajustada sobre o Ebitda era de 5,5 vezes.

Operações

A empresa informou que os voos de passageiros da Gol e de carga da GOLLOG, o programa de fidelidade Smiles e outras operações seguem normalmente com a liquidez adicional do financiamento DIP. Os acordos de codeshare e interline continuarão disponíveis, acrescentou.

“Fizemos progressos notáveis até agora e acreditamos que este processo permitirá endereçar os desafios gerados pela pandemia, ao mesmo tempo em que mantemos o elevado padrão dos serviços que oferecemos aos clientes”, disse em nota o CEO da Gol, Celso Ferrer.

A aérea reforçou que pagará salários e benefícios normalmente aos funcionários ao longo do processo e que honrará compromissos com parceiros comerciais e fornecedores pelos bens e serviços “fornecidos no dia ou depois da data do pedido de Chapter 11″.

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