GM faz cortes na China e estuda mudanças na operação com o avanço de marcas locais

Segundo fontes da Bloomberg News, montadora americana cortou equipes de P&D e discute reduzir a capacidade de produção; GM teve perdas de US$ 104 mi na China no 2º tri

General Motors Buick Velite 6
Por Bloomberg News
13 de Agosto, 2024 | 04:33 PM

Bloomberg — A General Motors (GM) tem demitido funcionários na China e em breve se reunirá com a parceira local SAIC para planejar uma revisão estrutural mais ampla de suas operações no país, em um reconhecimento de que a montadora de Detroit não deve ver as suas vendas no país retornarem ao pico alcançado em 2017.

A montadora americana cortou equipes em departamentos relacionados ao mercado chinês, incluindo Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

Nas próximas semanas, a GM e a SAIC discutirão possíveis cortes de capacidade de produção como parte de um redirecionamento estratégico para as marcas americanas vendidas na China.

A reavaliação representa uma grande mudança de estratégia para a GM, que ganhou bilhões de dólares na China ainda em 2018. A montadora tem recuado, pois muitas marcas estrangeiras enfrentam agora uma profusão de concorrentes locais no maior mercado de automóveis do mundo, que agora tem um enorme excesso de capacidade.

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O movimento ocorre em meio à uma mudança para a produção de veículos elétricos, com foco em modelos mais sofisticados e importação de veículos premium, disseram essas pessoas.

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Reduções na capacidade da produção e cortes adicionais de empregos estão sendo considerados, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque os planos ainda estão sendo elaborados e não foram divulgados publicamente.

As ações da montadora subiam 0,35% em Nova York por volta das 16h (horário de Brasília), nesta terça-feira (13).

A GM continuará a fabricar veículos menos caros e veículos elétricos na China por meio de uma joint venture com a SAIC Motor e a Wuling Motors, alguns dos quais serão exportados da China.

A montadora disse em um documento regulatório recente que as montadoras da China estão priorizando o aumento de participação de mercado sobre os lucros, dificultando a manutenção dos volumes de vendas.

Como resultado, a GM disse que trabalha com parceiros locais para reformular suas operações chinesas, resultando em “uma maior probabilidade de registrar encargos futuros, que podem ser materiais, se as perdas continuarem no curto prazo”.

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Um contrato de 30 anos com a estatal SAIC está previsto para expirar em 2027 e a GM quer que o negócio volte a ter uma lucratividade sustentável antes disso.

O objetivo é colocar a parceria SAIC-GM - que fabrica os veículos das marcas Buick, Cadillac e Chevrolet - em uma posição financeira mais forte para que possa financiar suas próprias operações e programas de desenvolvimento de veículos, disseram as pessoas.

Os cortes necessários serão proporcionais à redução das expectativas de vendas, em um esforço para conter as perdas, disseram eles.

Uma segunda joint venture na China, conhecida como SAIC-GM-Wuling Automobile, fabrica veículos pequenos e baratos. Suas vendas se mantiveram melhores com a aposta em veículos elétricos mais acessíveis, como o Hongguang Mini EV. A Wuling é controlada pelo Guangxi Automobile Group, apoiado pelo Estado.

No trimestre mais recente, encerrado em 30 de junho, a GM teve perdas de US$ 104 milhões em seus negócios na China, parte de um prejuízo total de US$ 210 milhões no primeiro semestre. A montadora esperava cortar a produção na China no primeiro trimestre e retornar à lucratividade.

A GM vem contemplando uma mudança em seus negócios na China há meses e o diretor financeiro Paul Jacobson aludiu a uma reorganização em uma apresentação para investidores em 8 de agosto.

"Temos que nos manter competitivos e isso significa que temos que analisar o negócio com nosso parceiro para garantir que possamos restaurar a lucratividade e o fluxo de caixa autossustentável daqui para frente", disse Jacobson naquele evento em Nova York. "A China pode ser um bom ativo para nós e continua sendo um bom ativo para nós."

A GM é uma das marcas automotivas estrangeiras mais antigas a ter produção local na China, tornando-se apenas a segunda marca estrangeira a obter permissão em 1997, depois da Volkswagen. Suas vendas atingiram o pico de 4 milhões de unidades em 2017 e caíram quase pela metade para 2,1 milhões no ano passado.

No último trimestre, as vendas da GM na China caíram 29%, para 373.000 veículos, com todas as suas marcas americanas em declínio acentuado, incluindo Buick, Cadillac e Chevrolet.

As vendas de veículos fabricados pela SAIC-GM-Wuling Automobile caíram apenas 12% no período. A GM considera que essa parceria tem melhores perspectivas porque fabrica o tipo de veículo elétrico compactos na China para os quais a demanda ainda está aumentando.

Mais problemática é a parceria separada entre a GM e a SAIC, que fabrica localmente veículos da marca norte-americana voltados para o saturado mercado intermediário.

Esse empreendimento provavelmente mudará seu foco para veículos mais premium, visando compradores de alta renda, em linha com uma estratégia que a CEO da GM, Mary Barra, delineou no início deste ano.

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