Gigante do petróleo saudita mantém pagamento de dividendo de US$ 31 bilhões

Mesmo com lucro menor, a Aramco irá pagar dividendo previsto aos acionistas; recursos são fundamentais para finanças públicas do reino

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Bloomberg — A petroleira Aramco manteve seus dividendos trimestrais em US$ 31 bilhões, apesar do lucro menor, uma vez que o pagamento se torna cada vez mais crucial para o governo da Arábia Saudita em seu plano de reforma econômica de vários trilhões de dólares.

A distribuição da maior empresa exportadora de petróleo do mundo é fundamental para o reino, uma vez que os preços do petróleo bruto permanecem abaixo dos níveis necessários para equilibrar o orçamento, que, segundo as autoridades, será deficitário por vários anos.

O príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman tem avançado com empreendimentos caros, como o projeto futurista de Neom, mas alguns planos estão sendo reduzidos devido a problemas de financiamento.

A Aramco disse que planeja distribuir cerca de US$ 124 bilhões no total este ano, dos quais cerca de US$ 43 bilhões seriam um componente vinculado ao desempenho. Embora a empresa ainda tenha mais caixa do que dívidas, os pagamentos têm esgotado as reservas e os investidores examinarão o nível do dividendo especial no próximo ano.

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O caixa líquido da empresa era de cerca de US$ 2,3 bilhões no final do segundo trimestre, abaixo dos mais de US$ 16 bilhões de três meses antes, de acordo com dados da Bloomberg Intelligence.

Os pagamentos podem levar a Aramco a uma posição de dívida líquida já no terceiro trimestre, pela primeira vez desde a pandemia de covid-19, disse o analista do BI Salih Yilmaz em um relatório nesta terça-feira.

O lucro líquido da Aramco caiu 3,4% para US$ 29,1 bilhões no trimestre em comparação com o ano anterior, de acordo com um comunicado na terça-feira. Isso quase coincidiu com as estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg. O fluxo de caixa livre - dinheiro das operações após as despesas de capital - de US$ 19 bilhões foi menor do que o dividendo.

Limites de produção

A Aramco vendeu seu petróleo a preços mais altos no trimestre, em média, mas a pressão sobre o lucro veio da decisão da Arábia Saudita de reduzir a produção de petróleo bruto. A produção ficou próxima de 9 milhões de barris por dia no ano passado, já que o reino lidera os esforços da Organização dos Países Exportadores de Petróleo para reavivar o mercado de petróleo. Esse é o nível mais baixo em mais de três anos.

Espera-se que a produção aumente no final deste ano, à medida que a Arábia Saudita se desfaça de algumas de suas restrições voluntárias a partir do quarto trimestre.

Os lucros também foram afetados pelas margens fracas da transformação do petróleo bruto em combustíveis e pela reavaliação dos estoques. Os negócios downstream da empresa, que incluem o refino, registraram um prejuízo antes de juros e impostos de US$ 262 milhões no trimestre, em comparação com um lucro de US$ 788 milhões no ano anterior.

A fraca demanda, especialmente por combustíveis como o diesel, contribuiu para reduzir as margens em todo o mundo. A Chevron não cumpriu as estimativas de lucros do segundo trimestre e o lucro da TotalEnergies, da França, caiu devido ao refino mais fraco.

Aumento das ações

As ações da Aramco ganharam até 2,6%, para 27,50 riyals em Riad, voltando a ficar acima do preço da venda secundária de ações realizada em junho pelo governo saudita.

Ainda assim, as ações caíram 17% este ano, apresentando desempenho inferior ao de grandes empresas petrolíferas globais, como a Exxon Mobil e a Shell, que também mantiveram seu foco no retorno de dinheiro aos acionistas. É o pior desempenho deste ano no índice de 21 membros de empresas petrolíferas integradas globais compilado pela Bloomberg Intelligence.

Além dos dividendos, o governo saudita também se apoiou na Aramco este ano para levantar mais de US$ 12 bilhões na venda secundária de ações. A economia do reino vem se contraindo há quatro trimestres consecutivos, e o Fundo Monetário Internacional, no mês passado, rebaixou suas projeções de crescimento mais do que qualquer outro país importante que ele acompanha.

O reino precisa de petróleo próximo a US$ 100 por barril para equilibrar o orçamento, de acordo com o FMI. A Aramco vendeu seu petróleo a uma média de US$ 85,70 por barril no segundo trimestre, em comparação com US$ 78,80 no ano anterior.

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