Gerdau cortará produção de aço nos EUA com greve em montadoras, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg News, Gustavo Werneck afirma que a paralisação deve afetar a demanda no mercado americano; corte atinge a produção de aço especial

United Auto Workers (UAW) members and supporters on a picket line outside the Ford Motor Co. Michigan Assembly plant in Wayne, Michigan, US, on Tuesday, Sept. 26, 2023. President Joe Biden endorsed the United Auto Workers' demand for a major wage increase during a visit to a picket line at a General Motors Co. plant in suburban Detroit, a historic show of solidarity with organized labor. Photographer: Emily Elconin/Bloomberg
Por Mariana Durão
27 de Setembro, 2023 | 06:16 PM
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Bloomberg — A siderúrgica brasileira Gerdau (GGBR4) vai reduzir sua produção de aço especial nos Estados Unidos no próximo mês, à medida que uma greve em curso do sindicato United Auto Workers (UAW) está prestes a afetar a demanda dos fabricantes de peças automotivas.

A decisão deve impactar os resultados financeiros da Gerdau na América do Norte, com a extensão das perdas a depender da duração da greve, afirmou o CEO, Gustavo Werneck, em entrevista na quarta-feira (27), durante uma conferência do setor em São Paulo.

O UAW planeja expandir a greve nas montadoras tradicionais de Detroit nesta sexta-feira (27), caso não haja progresso significativo nas negociações. O UAW iniciou uma paralisação nas fábricas operadas por General Motors (GM), Stellantis (STLA) - dona de Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep, entre outras marcas - e Ford (F) em 15 de setembro e uma semana depois ampliou a greve para outras 38 fábricas da GM e da Stellantis.

O executivo-chefe da Gerdau disse que uma disputa prolongada inevitavelmente terá um efeito dominó na demanda pelo aço especial necessário para produzir peças automotivas, afetando as operações da empresa.

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A empresa sediada em São Paulo tem investido US$ 280 milhões para aumentar sua capacidade de produção anual em suas instalações nos EUA, principalmente no Texas, para 2,2 milhões de toneladas, um aumento de cerca de 47%.

A divisão da América do Norte representa cerca de metade dos ganhos consolidados da Gerdau, excluindo itens extraordinários.

Werneck também comentou os impactos de mercado da guerra de lances pela compra da United States Steel, afirmando que a aquisição da icônica siderúrgica resultará na consolidação da indústria de aço plano.

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau

Enquanto isso, ele vê um mercado equilibrado nos EUA para produtos de aço longo, como vergalhões, trilhos e arames, com a Lei de Redução da Inflação e o retorno de projetos aos EUA vindos da Ásia provavelmente apoiando a demanda nos próximos cinco anos. Ele também espera que o projeto de infraestrutura do presidente Joe Biden seja refletido em pedidos no próximo ano.

O CEO da Gerdau também expressou pessimismo em relação à recuperação econômica da China, uma vez que o consumo de aço no mercado imobiliário local não se recuperará a curto prazo, o que significa que a nação terá muito metal para exportar e inundar os mercados globais.

Dado o fraco consumo interno de aço, destacado pelo alto volume de exportações do metal chinês a preços subsidiados, o Brasil será um dos mercados mais afetados se o governo brasileiro não adotar medidas urgentes nos próximos 30 dias, incluindo atender ao pedido do setor siderúrgico de elevar as tarifas de importação para 25%, afirmou Werneck.

“Estamos à beira de tomar decisões muito difíceis no setor, iniciando o processo de demissões em massa”, disse ele. “A Gerdau não será diferente.”

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