Geração X é o público mais engajado em IA generativa, diz CEO do Coursera

Em entrevista à Bloomberg Línea, Jeff Maggioncalda conta como a busca por conhecimento em IA tem alavancado os resultados da plataforma de ensino e qual o perfil dos alunos

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23 de Outubro, 2024 | 05:01 AM

Bloomberg Línea — Não são os mais jovens os mais interessados em IA.

Pessoas da Geração X, nascidas entre meados da década de 1960 e o fim dos anos 1970, são os alunos mais engajados em novos cursos de IA (Inteligência Artificial) generativa, segundo Jeff Maggioncalda, CEO do Coursera, uma das maiores plataformas de cursos online do mundo.

“Os Gen Xers representam apenas 14% dos alunos totais, mas consomem 22% do conteúdo de IA generativa. No Brasil, 33% dos cursos de IA generativa são consumidos pelos Gen Xers. Ou seja, não são os mais jovens os que estão mais envolvidos”, disse o CEO do Coursera em entrevista à Bloomberg Línea.

Segundo o executivo, a tendência da busca por qualificação em competências associadas à IA é uma realidade cada vez mais presente que já impulsiona de forma relevante os resultados da empresa.

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“Nós estamos com cerca de quatro inscrições por minuto em cursos de IA generativa e já tivemos mais de 2 milhões de inscrições nesses cursos. Os millennials são o grupo mais representado”, afirmou ao se referir à geração que tem idade na faixa aproximada entre 28 e 44 anos.

As informações sobre o interesse mais elevado de pessoas com idade aproximada entre 44 e 64 anos sugerem, portanto, que o impacto da IA no mercado de trabalho pode ir além dos mais jovens, como a Geração Z, que reúne aqueles com idade entre 14 e 29 anos.

Segundo o CEO do Coursera (COUR) - empresa listada na Nasdaq que conta com 155 milhões de usuários registrados no mundo -, apenas 8% dos alunos que estão fazendo cursos de IA generativa no Brasil pertencem à Geração Z, enquanto os millennials representam pouco mais da metade.

No recorte por gênero dentro da Geração X, há um predomínio de interesse dos homens, que representam praticamente nove em cada dez alunos de cursos associados à IA generativa.

Jeff Maggioncalda,

Certificações com big techs

Maggioncalda contou que o próprio Coursera tem sido impactada pela IA generativa: foram traduzidos 4.700 cursos para 22 idiomas com uso da IA generativa, o que teve como impacto o aumento das taxas de conclusão e a expansão do acesso global.

“Estamos vendo muito mais alunos fazendo cursos traduzidos”, disse.

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A IA também tem sido utilizada para acelerar a produção de conteúdo, com impactos financeiros positivos para o Coursera, que obteve lucro líquido de US$ 13,8 milhões no segundo trimestre de 2024. Os dados relativos ao terceiro trimestre serão divulgados nesta quinta-feira (24).

Como parte da estratégia para oferecer conteúdo, a empresa também lançou novos certificados profissionais em parceria com Google Cloud, IBM, Meta e Microsoft, o que reflete a crescente demanda por habilidades em IA no mercado de trabalho.

Certificações como Google Data Analytics, IBM Data Science, Microsoft Cybersecurity e Meta Marketing Analytics, entre outras, são procuradas por quem deseja mudar de emprego ou começar na área.

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Há ainda outros usos para a IA para o Coursera.

“É difícil para os professores dizerem se a IA criou a resposta ou se foi o aluno. Reunimos uma série de recursos diferentes na Coursera como um tutor com IA que começa a perguntar como você escreveu seu trabalho. É como defender sua dissertação. Ele questiona ‘como você teve a ideia de sua tese? E onde você conseguiu os fatos mencionados no segundo parágrafo’”, disse Maggioncalda.

O Doutor Jules White, professor de Ciência da Computação na Vanderbilt University, lidera as iniciativas da instituição americana sobre como adotar IA nas operações de ensino.

A universidade criou pouco mais de dez cursos de IA até agora e usa a tecnologia não apenas como tutor do aluno mas como uma ferramenta para ajudar a evitar trapaças.

O Coursera anunciou recentemente novas especializações e certificados de parceiros como DeepLearning.AI, Vanderbilt University, University of Michigan e University of Colorado Boulder.

O executivo disse que o modelo de plataforma para venda de cursos online tem se mostrado sustentável e saudável para o Coursera, diferentemente de players como a indiana Byju’s.

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“Em 2021 abrimos capital e levantamos US$ 500 milhões. Temos US$ 700 milhões em caixa e não contraímos nenhuma dívida. Temos sido rentáveis há muitos trimestres e seremos rentáveis para 2024″, disse.

No segundo trimestre, a empresa gerou um fluxo de caixa livre de aproximadamente US$ 17 milhões.

No ano passado, a empresa devolveu US$ 95 milhões aos acionistas por meio de recompra de ações.

Mesmo assim, a empresa, como outras do setor de educação, também sofreu a desaceleração do mercado de cursos online no período da pandemia e no pós-covid. “Mas, fundamentalmente, as pessoas precisam aprender novas habilidades”, disse o executivo.

No segundo trimestre de 2024, o Coursera teve quase sete milhões de novos alunos na plataforma, um dos maiores aumentos trimestrais desde 2020.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups