Fundador da Ambipar se torna novo bilionário do país após rali de 930% em 3 meses

Tércio Borlenghi Junior chegou a um patrimônio de R$ 10,1 bilhões com valorização das ações; Nelson Tanure esteve entre investidores recentes, disse uma fonte à Bloomberg News

Por

Bloomberg — Uma forte valorização das ações da Ambipar colocou seu fundador no clube de bilionários do país.

As ações da empresa dispararam mais de 930% desde que atingiram uma mínima histórica em maio. O acelerado rali intriga traders do mercado, que veem poucos fundamentos para justificar a alta.

Alguns apontam para recentes compras de ações pelo fundador, Tércio Borlenghi Junior, bem como pela Trustee DTVM, que agora detém 15% do capital da empresa que faz a gestão de resíduos.

A pressão compradora pode estar alimentando um “short squeeze” na ação, o que amplifica ainda mais os ganhos.

Leia mais: Família Safra chega a ‘acordo amigável’ e encerra disputa bilionária por herança

Seja qual for a causa, o salto no preço da ação enriqueceu Borlenghi Junior, pelo menos no papel. O valor de mercado de R$ 13,9 bilhões da companhia avalia sua participação de 73% em R$ 10,1 bilhões (ou US$ 1,8 bilhão ao câmbio atual). O executivo, hoje com 54 anos, fundou a Ambipar em 1995.

O investidor veterano Nelson Tanure também tem comprado ações da Ambipar por meio da Trustee DTVM, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, que pediu anonimato.

A maior parte das negociações com a ação nos últimos meses foi conduzida pelo Banco Master, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Tanure, conhecido por investir em ativos ”distressed”, recentemente se associou a alguns dos principais acionistas do Banco Master para alguns negócios, acrescentou a pessoa.

Borlenghi Junior ”não tem o desejo de fechar o capital” da Ambipar, disse em entrevista o diretor financeiro (CFO) da Ambipar, João Arruda.

A Ambipar não quis fazer mais comentários sobre a matéria para a Bloomberg News, assim como o Banco Master. A Trustee não respondeu a um pedido decomentário.

Leia mais: O ‘turnaround’ da Alliança chegou ao fim. Foco agora é crescer, diz Isabella Tanure

A Ambipar, que opera em 39 países, busca ativamente reduzir seu endividamento e revelou um plano de recompra de ações que, para alguns analistas, apoia a percepção “bullish” do mercado.

A empresa está confiante de que atingirá sua meta de reduzir a alavancagem medida pela dívida líquida/Ebitda de 2,5 vezes mais rápido do que seu prazo final para meados de 2025, segundo Arruda.

A alavancagem consolidada foi de 2,82 vezes a dívida líquida/Ebitda anualizado no segundo trimestre, abaixo da marca de 3,10 vezes nos três meses anteriores, segundo balanço publicado em 8de agosto.

”Estamos deixando para trás aquela onda de aquisições”, disse Arruda, em referência a mais de 50 acordos de M&A (fusões e aquisições) concluídos desde 2020.

A Ambipar espera crescimento orgânico sustentado daqui para frente, o que deve levar a margens e lucros mais altos, acrescentou.

Ainda assim, o rali começa a gerar preocupação no mercado. ”É um movimento bem atípico”, disse Gilberto Coelho, analista da XP, durante uma live na última sexta-feira (9). “Começa a ficar preocupante.”

Com a rápida valorização das ações, os preços-alvo de analistas que cobrem a empresa ficaram muito distantes. Os papéis foram negociados a R$ 82,99 cada um no fechamento nesta quinta-feira (14), muito acima (+265%) do preço-alvo de 12 meses de R$ 22,72, segundo dados compilados pela Bloomberg.

As ações da Ambipar têm cinco recomendações de compra e uma de manutenção.

Posições vendidas nas ações têm diminuído, o que pode sinalizar que o movimento perderá força, segundo Mateus Haag, analista da Guide Investimentos.

Investidores que apostam na queda do preço podem ser pressionados se as ações subirem. Nesse caso, precisam correr para fechar suas posições vendidas por meio da compra da ação para limitar as perdas.

O recuo já pode ter começado no meio da semana - as ações da Ambipar caíram 36% na terça (13) e na quarta (14), mas voltaram a disparar 19% nesta quinta.

”Não houve nenhum driver positivo para justificar a alta, mas, sim, um movimento especulativo”, disse Haag, da Guide. “É muito provável que, nos próximos meses, a ação caia tanto quanto subiu.”

- Matéria atualizada às 18h10 desta quinta-feira (15) com o fechamento das ações na B3.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

MAM Asset chega a acordo para assumir Dia Brasil, em recuperação judicial

Junior do Madero, Cris do Nubank, Brex e os novos bilionários brasileiros